Cerca de 10 mil pessoas presenciaram, ontem, no bairro da Liberdade, a entrega das chaves da cidade ao monarca da alegria
José Castro
Um intenso foguetório e balões em forma de coração que engancharam nas árvores marcaram ontem, no palanque armado em frente ao Plano Inclinado da Liberdade, a entrega da chave pelo prefeito João Henrique ao Rei Momo, João Omar Santana, 29 anos.
No pequeno espaço de madeira, lotado de secretários, políticos de esquerda e repórteres, a rainha Perla Ferreira e as princesas Adriana de Oliveira e Vivian Guerreiro, penaram até conseguir levantar os tamancos para sambar.
Este ano Salvador terá um Carnaval para se orgulhar, com o início, pela primeira vez, no histórico bairro da Liberdade e já se pode ver a fantástica participação popular que se tem aqui, festejava o prefeito. Eram 20h36 e a multidão, segundo estimativas da Polícia Militar, era de, aproximadamente, 10 mil pessoas.
PEDOFILIA A ocasião festiva foi também propícia para o lançamento da campanha contra a exploração de crianças e adolescentes, ocorrência que se avoluma nas estatísticas policiais durante o verão. O prefeito mostrou a estampa da camisa enquanto trio tocava A Massa, de Raimundo Sodré.
Antes mesmo da chegada do trio elétrico como as autoridades do Carnaval às 19h50 o grupo Pra lá quem vai, com cerca de 20 percussionistas, desembocou na Estrada da Liberdade, atraindo a atenção dos flashes e das câmeras.
Na frente da bateria, o performático Saló Black comandava os tons enquanto o locutor oficial, à espera do trio e da comitiva do prefeito, destacava seu exemplar trabalho prestado junto à comunidade da Liberdade.
O caminhão da alegria, com sua corte carnavalesca a bordo, aqueceu a folia desde o Largo da Lapinha, onde o grupo Samba de Cozinha soltava a chula na avenida. Antes que a curiosidade queime a língua de alguns, o pároco mais famoso do momento, o Padre Pinto, não compareceu. No ar, já se percebia aquele clima de até quarta-feira de cinzas não existe problema.
Estiloso em azul, o Rei João Omar Santana, 29 anos e 149 quilos, balançava a pança cumpria a práxis momesca do discurso: estou muito feliz e vou fazer um reinado de muita paz e muita alegria para o folião, declarou o monarca.
No calor dos holofotes, disputavam espaço no palanque o ministro da Integração Jaques Wagner, os deputados federais Luiz Alberto (PT), Nelson Pellegrino (PT) Alice Portugal (PC do B), além dos estaduais Rui Costa (PT), vereadora Olívia Santana (PC do B), dentre outros.
FREVO ELÉTRICO Destacava-se em meio à fuzarca, um grupo de músicos veteranos executando o mais puro frevo elétrico baiano na varanda do Edifício Ramos das Neves, na Estrada da Liberdade. Eram eles Almério Machado, Moacir Soares e Ubiratan, musicos que fundaram o histórico Trio Marajós. Na formação, duas guitarras baianas, violão de marcação, caixa e surdo.
Um faixa pregada na fachada homenageava Armando Sá, falecido em 2005 e compositor (com Miguel Brito) de Colombina, o Hino do Carnaval da Bahia. Mais abaixo lia-se o tom ideológico de uma lúdica militância: Projeto Resgate do Trio Original Trio Esplendor Cordas só na guitarra. E uma explicação de Moacir Soares: Não tivemos apoio para fazer um trio, então fizemos o contrário é Carnaval de casa pra rua.