A viagem inaugural do novo trem de passageiros de Salvador foi feita em ritmo de campanha para a reeleição do prefeito João Henrique, nas eleições de outubro do próximo ano. Acompanhado da maioria do seu secretariado e vereadores da base aliada, o prefeito abraçou e beijou crianças de algumas escolas, levadas às estações de Lobato, Plataforma e Paripe, além de ter feito discurso.
Foi o segundo dos três novos trens previstos para entrar em operação até o final de janeiro do próximo ano. O sistema de transportes ferroviário de passageiros de Salvador deve receber, até o final de 2008, R$ 60 milhões para obras. Os recursos serão aplicados na aquisição de mais um trem, que se soma aos dois já adquiridos este ano, reforma de outros três que estão em atividade, remodelação das estações e a construção de uma nova ponte, em substituição a antiga – Ponte São João – sobre a Enseada do Cabrito.
O repasse de recursos federais faz parte do acordo que prevê a contrapartida da União para que a prefeitura incorpore o sistema de transporte ferroviário de passageiros, antes sob a responsabilidade da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
O novo trem, foi fabricado no Rio de Janeiro a um custo de R$ 1,7 milhão, e dispõe de três composições elétricas. Atualmente outros três trens, com quase 50 anos de uso, estão em operação no subúrbio. Segundo garantiu o prefeito João Henrique, estes também passarão por reformas a partir do próximo ano, ganhando as mesmas características dos dois novos que vieram do Rio de Janeiro e acrescidos de ar-condicionado.
Em junho deste ano, na viagem inaugural do primeiro trem, a composição descarrilou nas imediações do bairro de Escada, por causa de deformações na ferrovia.
Metrô demite – Enquanto a prefeitura fazia a festa no Subúrbio Ferroviário, com o novo trem, nesta quarta-feira pela manhã, os trabalhadores do metrô de Salvador estavam apreensivos com os cortes que vêm ocorrendo desde o final do mês passado, no quadro de operários da obra. De um contingente que chegou a 1.200 trabalhadores, a partir do final do ano passado, restam 500, atualmente.
Conforme explicou o secretário de Transporte e Infra-Estrutura de Salvador, Pedro Dantas, os cortes já eram esperados, pois a obra está chegando na sua fase final e já não há necessidade de um grande contingente de trabalhadores nos canteiros. Ele explicou que os contratos têm sido encerrados à medida em que os trabalhos diminuem.
Para Pedro Dantas, um novo “boom” de contratações de trabalhadores só deverá acontecer a partir do próximo ano, caso seja assinado o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal, que prevê a extensão da linha do metrô do Acesso Norte até a Estação Pirajá.
O coordenador do Movimento em Defesa do Metrô, Joceval Tibúrcio, lamentou as demissões que vêm ocorrendo e disse que elas poderiam ter sido evitadas caso a obra estivesse na sua segunda fase, que é o prolongamento da linha do metrô até a Estação Pirajá, que se encontra paralisada desde 2002.
O Sindicato da Construção Pesada (Sintepav) entende as demissões como fruto do encerramento das obras civis. Amanhã, membros do sindicato se reunirão com representantes Consórcio Metrossal para colocar a preocupação dos trabalhadores com as demissões.
Colaborou Danile Rebouças