O julgamento dos cinco acusados do assassinato do estudante Augusto César Sores Dourado, marcado para a manhã desta quinta-feira, 17, foi desmembrado em dois. Quinze anos depois do homicídio, o júri dos quatro policiais militares apontados como autores do crime, começou. Já o julgamento do taxista Florisvaldo Oliveira Freitas vai ocorrer na próxima segunda, 21, a pedido do advogado de defesa dele.
O cabo Carlos Alberto de Almeida Rocha, apontado como autor dos disparos que mataram Augusto César, anexou os autos do julgamento, ontem, uma decisão do juiz Ricardo D`Ávila, da 5ª Vara da Fazenda Pública de Salvador, que determina a reintegração dele aos quadros da Polícia Militar. Os outros três PMs já tinham sido retornado à polícia e estão trabalhando normalmente.
Segundo a acusação, o estudante foi morto com dois tiros disparados pelo
cabo PM Almeida Rocha, que estava na companhia dos outros policiais,
que também efetuaram disparos. Os militares atiraram contra Augusto
César depois de uma perseguição de carro, na noite de 15 de junho de
1996. De acordo com a promotoria, o taxista Florisvaldo acionou a
polícia, identificando o estudante como assaltante. Mas, na verdade,
Augusto tinha batido no táxi de Florisvaldo e fugido.
Os cinco acusados chegaram a ser condenados em 2005, mas um erro no processo acabou anulando os julgamentos. Quinze anos depois, os acusados voltam ao banco dos réus. O promotor Nivaldo Aquino pediu a condenação dos PMs por homicídio qualificado. Já os advogados de defesa defendem a tese de negativa de autoria.
Oitivas - Nesta manhã, defesa e promotores do Ministério Público Estadual, Luciano Assis e Nivaldo Aquino, ouviram o coronel PM Seixas, prima da vítima. No dia do crime, ocorrido em junho de 1996, ele afirmou ter ido à delegacia com a mãe do estudante pois ela estava preocupada com o jovem, que não havia voltado para casa no horário de costume. No local, ele descobriu que o rapaz havia sido baleado.
De acordo com o coronel, a delegada, cujo nome não foi divulgado, teria dito que estava sendo pressionada pelos PMs envolvidos no assassinato a registrar o fato como auto de resistência. No entanto, segundo o PM, a própria titular disse que não acreditava nesta versão.
O coronel afirmou, ainda, que o carro de Augusto César apresentava mossas que ele acredita que teriam sido propositais e resultado de chutes de coturno. Além disso, observa, teriam sido subtraídos pertences e documentos da vítima, que chegou ao Hospital Geral do Estado como indigente. "Triste ver companheiros de farda envolvidos em uma situação que poderia ter sido evitada, não fosse a calúnia do pessoal da Radiotáxi", acusou. Ele acrescentou que, desde o crime, não volta mais à localidade de Barro Alto, onde o rapaz morava.
Testemunha da defesa, o mecânico Adailton da Silva, que trabalhava numa barraca de côco em frente ao local do crime, disse que viu a viatura com três PMs perseguindo o veículo Gol de Augusto e teria visto também taxistas armados. O Gol teria batido no meio fio e parado. Depois disso, Adailton diz ter ouvido tiros, mas negou ter visto a rendição de Valter, amigo de Augusto, que também estava no carro, e a execução do estudante.
Caso - Augusto César Soares Dourado se envolveu em um acidente de trânsito com o taxista Florisvaldo Oliveira de Freitas no bairro de Brotas, em junho de 1996. O taxista teria identificado e perseguido o rapaz juntamente com outros taxistas da empresa Radiotáxi. No Largo da Mariquita, eles teriam acionado uma viatura da PM que seguiu com o grupo até o Jardim de Alah, onde estava Augusto. Ele teria parado o veículo ao ver a polícia. Baleado no peito, não teria recebido socorro prontamente e morreu depois no Hospital Geral do Estado.
*Colaborou Paula Pitta l A Tarde On Line