Este ano, os baianos podem entrar no clima de festas assistindo à história do nascimento de Jesus Cristo em um espetáculo com dança, música e teatro. Hoje e amanhã tem o Auto de Natal da Cidade de Salvador, baseado no Auto de Deus, do paraibano Altimar Pimentel, às 17h30, na Praça do Cruzeiro de São Francisco. É aberto a todos. Além de a encenação ocupar um dos pontos mais baianos da cidade, envolve traços da cultura local misturados à história do mundo cristão.
“No palco, vai ter lavadeiras do Abaeté, vamos mencionar a Feira de São Joaquim e misturar outros aspectos da cidade com os Reis Magos e o presépio”, disse o diretor do auto Marcos Napoleão, dançarino do Balé do Teatro Castro Alves, formado em educação física e pós-graduado pela Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia. Ele explicou que entre um ato e outro haverá a apresentação de corais e de dança. José será interpretado por Caio Rodrigues, e Maria, por Vitória Libório. Compõem ainda o elenco Luís Pepeu e Fernanda Paquelet, dentre outros.
Napoleão contou que o projeto foi aprovado quarta-feira e que a verba de R$ 104.933, para custear a produção, proveniente do Fundo de Cultura do Estado da Bahia, ainda nem saiu. “Mas sei que já foi liberada. Eu dei meu 13º (salário) a Zuarte (cenógrafo) para comprar material. Eu tinha certeza de que ia ser aprovado”, afirmou.
O diretor ensaiou durante dois meses com quase 300 crianças de escolas municipais, no Colégio Marista (Canela), onde há cinco anos vinha montando o espetáculo, com uma estrutura parecida com a que foi armada em frente à fachada das igrejas da Ordem Terceira e Primeira de São Francisco.
Há 35 anos como comerciante no Centro Histórico, Christian Bowes acha interessante o auto em frente à sua loja. Mas pontua que, para o turista, fica complicado fotografar os monumentos com um aparato desses na frente. “Aí ele não vê o Cruzeiro”, exemplifica. “A iluminação só veio até a Casa da Misericórdia. Além disso, só as palmeiras (Terreiro de Jesus) foram envolvidas. A rua da Ordem Terceira está um breu”, disse Leila Silva, também comerciante.
Solange Bernabó, dona da Oxum Galeria, explicou que um evento assim não influencia suas vendas, mas acha útil para atrair o baiano e mostrar que o ambiente não é tão infernal quanto se pinta. Já Ivone Sacramento, comerciante há 22 anos no Centro Antigo protesta: “É uma falta de respeito. Isso empata as vendas. Ontem, eu não podia nem atender ao telefone de tanta zoeira. Ali em frente, na pousada de luxo, o turista quer repousar. Eu tenho imposto a pagar. E isso aqui é patrimônio histórico”.