Alunos da rede municipal, usuários de trens, segurados do INSS e cidadãos em geral que precisam dos serviços da Prefeitura estão prejudicados com as greves das respectivas categorias. O maior impasse acontece entre os servidores municipais, que já estão parados há 22 dias e tiveram a última mesa de negociação no dia 19 de junho, de acordo com Gustavo Mercês, diretor do Sindseps. Os servidores aguardam uma posição da Prefeitura para apresentar à categoria em assembleia na tarde desta terça-feira, 7.
Mercês diz que diante da falta de acordo, os servidores pedem uma mesa de negociação urgente para garantir os benefícios acordados na última reunião, como adicional para a Guarda Municipal, Salvamar e Transalvador e implementação do plano de saúde. Nesse encontro, a categoria também quer discutir um percentual de reajuste a partir da inflação, que foi de 5,9%.
A última proposta da Prefeitura, de acordo com Mercês, foi de aumento de 2%. A reportagem do A TARDE On Line entrou em contato com a Prefeitura, através da Secretaria de Comunicação, mas foi informada que representantes da Casa Civil estão reunidos discutindo esta greve e que a Prefeitura só se pronunciaria no período da tarde através de nota enviada à imprensa.
Mercês diz que, com a greve de 22 dias, estão suspensos serviços como fiscalização de comércio ilegal, revisão de multas, registro de ocorrências de acidentes, recapeamento de asfalto e operação chuva. O sindicalista diz que outros serviços funcionam de forma deficitária, apenas com 30% do efetivo garantido por lei. São serviços como ordenamento do trânsito, salva-vidas, liberação de alvará, vistoria e fiscalização externa da Guarda Municipal e Codesal. Na Sucom, o trabalho externo também está prejudicado, mas, de acordo com a assessoria de imprensa do órgão, o atendimento à população é feito normalmente.
Professores – A educação municipal também está prejudicada com a greve dos professores. Os 180 mil alunos da rede perderam 20 dias do ano letivo e não há previsão de retorno dos professores as salas de aula. A categoria está reunida nesta terça, 7, com representantes do governo municipal.
A vice-coordenadora da APLB, sindicato da categoria, Marilene Betros, espera que a Prefeitura oficialize a proposta de reajuste de 3% mais avanço de uma letra, o que representa progressão no plano de cargos e salários e aumento de mais 2,5%, totalizando 5,5%. Esses percentuais foram divulgados pelo subsecretario de educação, Eliezer Cruz, nesta segunda, 6, para a imprensa, mas a diretoria da APLB alega que o valor não foi oficializado para os trabalhadores.
“Queremos formatar essa proposta, porque entendemos que já é algo para discutir”, diz Betros, lembrando que a categoria quer o avanço de duas letras, e não, apenas uma, como a Prefeitura propõe. A proposta discutida na reunião desta terça será apresentada à categoria em assembleia nesta quarta-feira, 8, às 9h.
Trens – O transporte ferroviário é outro serviço afetado por greve. Os ferroviários estão parados desde o dia 1º de julho e alegam que não houve negociação com o governo municipal. “Estamos aguardando, mas por enquanto a CTS (Companhia de Transporte de Salvador) não se manifestou”, diz Paulino Lisboa, coordenador-geral do sindicato da categoria.
Cerca de 17 mil pessoas utilizam diariamente o sistema ferroviário, de acordo com o sindicalista. A opção para fazer a ligação entre o Subúrbio e a Calçada é o transporte urbano, mas a diferença de valores entre as passagens de trem e ônibus é de R$1,70. “Isso vai afetar o orçamento desta população de baixa renda que usa o sistema”, diz Lisboa.
Ele explica que a categoria reivindica reajuste salarial de 12% e transferência da responsabilidade do transporte ferroviário para o governo federal. “Desde que a Prefeitura assumiu o transporte em 2005, que o sistema vive uma situação de degradação”, diz Lisboa.
Sem contra-proposta da Prefeitura, a categoria faz assembleias diárias, sempre às 16h, na Estação Ferroviária da Calçada para discutir o movimento. A reportagem do A TARDE On Line entrou em contato com a assessoria da CTS, que ficou de retornar a ligação, mas isso não aconteceu até o fechamento desta reportagem.
INSS – Os serviços municipais não são os únicos parados. Os cerca de 120 mil segurados do INSS que procuram, diariamente, as agências na Bahia estão encontrando dificuldades no atendimento. De acordo com Valdemir Medeiros, coordenador do sindicato da categoria, apenas as perícias agendadas estão sendo realizadas desde 16 de junho, quando os servidores da Previdência Social iniciaram a greve por tempo indeterminado.
Serviços como concessão de benefícios de aposentadoria, auxílio-doença e salário maternidade estão suspensos. Medeiros indica que quem não conseguir atendimento por conta da greve deve procurar a agência logo após a regularização do serviço.
A greve da categoria é nacional e já chegou a um acordo da pauta de reivindicação, mas ainda resta um impasse. “Realizamos a greve porque o governo federal não cumpriu o acordo de criar um grupo de trabalho para discutir a pauta da categoria. O governo já concordou que estava errado e abriu a negociação, mas quer cortar os dias não trabalhados com a greve”, diz Medeiros. O sindicalista informa que a categoria quer repor esses dias em trabalho ao invés de ter o salário cortado. A próxima assembleia da categoria acontece na segunda, 13, às 10h.
Segurança – Não bastasse a interrupção das atividades nestes quatro setores, os baianos podem enfrentar mais uma paralisação. Os policiais militares estão discutindo sua pauta de negociação, que será apresentada ao governador Jaques Wagner na terça, 14, de acordo com Fábio Brito, coordenador jurídico da Associação dos Praças e Soldados da PM (Aspra-BA).
Ele afirma que a categoria se reúne no próximo dia 17 para avaliar o movimento. Brito diz que os policiais militares querem, além de reajuste salarial, a exigência de nível superior em Direito para exercício do cargo de oficial da PM e em qualquer área do conhecimento para atuar como praça. O percentual ainda não foi discutido.