Professores do Colégio Marista (Canela) prometem decretar paralisação das aulas durante esta quarta-feira, 8, a partir das 10h20, em protesto contra a venda do colégio pela União Norte Brasileira de Educação e Cultura (Unbec), mantenedora da instituição. A Unbec não revelou o parceiro na negociação, alegando exigência contratual. A venda significa a extinção da unidade do Canela, que está há 98 anos no bairro.
A preocupação não envolve apenas os 1.200 alunos dos ensinos fundamental e médio que terão de migrar para outros colégios – foi colocada a possibilidade do Marista em Patamares. Com a venda, 141 profissionais – dentre eles, professores – temem, apreensivos, um aviso prévio. “Ainda não podemos garantir o reaproveitamento de parte deste pessoal”, disse o assessor jurídico da Unbec, Bernard Ribeiro, não descartando, portanto, a demissão de todos os funcionários.
REIVINDICAÇÕES – Professores elaboraram nesta terça-feira, 7, uma série de reivindicações trabalhistas que serão enviadas à Unbec, como o asseguramento da vaga dos filhos na unidade de Patamares, plano de saúde e salário garantido por mais seis meses a partir do desligamento, no final de dezembro. “Exigimos que nossos direitos por tempo de serviço sejam recebidos integralmente, dentro de um calendário estabelecido”, explicou o professor Rosival Carvalho, à frente da comissão de docentes.
A comissão avalia pedir ao governo o tombamento do prédio centenário, considerando o valor histórico do Marista. Na pior das hipóteses, os professores estão tentando, segundo Carvalho, que ao menos o pessoal da parte administrativa seja transferido para Patamares. “Nosso desligamento é certo, mas há funcionários com 15, 20 anos na instituição”, diz. Ele próprio tem 18 anos de casa.
CARTAS – Presidente da Associação de Pais e Mestres do Marista, Mônica Baqueiro – ex-aluna e com filhos no colégio – diz aguardar respostas do Vaticano e do arcebispo D. Geraldo, para quem foram enviadas cartas de repúdio à transação. “O que nós pagamos é inferior às mensalidades de colégios semelhantes, e o que recebemos em troca é infinitamente superior: além do ensino, o Marista dá um suporte nas artes, cultura e esporte que nenhum outro colégio oferece”, comenta Mônica, que destacou o trabalho social e a importância histórica do colégio. “Nossa comissão jurídica está avaliando todas as possibilidades de impedir a venda, inclusive no Ministério Público Estadual”, complementa a ex-aluna do colégio.
A assessoria de comunicação do MPE informou que, por conta do Marista se tratar de uma instituição privada, o MPE só pode intervir através da Promotoria de Direito do Consumidor. Quanto à transação comercial relativa a toda a edificação, estipula-se que os valores de venda rendam R$ 100 milhões ao Marista e a área será usada para a construção de um condomínio de luxo, o que descartaria a necessidade de preservação da estrutura atual.