Em que mundo estamos Pereira de Sousa
Os sociólogos explicam a seu modo o estado a que chegaram as relações humanas em todo o mundo. São taxativos em acusar a diferença de renda, a pobreza causada pelo desemprego, desrespeito às regras mais comezinhas da sociabilidade. Não sendo sociólogo, tenho de admitir o que ensinam. Mas as situações criminosas mundiais são quase iguais na maioria dos países do mundo.
Pois não vimos ontem uma senhora matar cinco e suicidar-se logo após? Pobrezinha, levou o segredo para o túmulo. Só especulações sobre as causas de disparar a pistola e recarregá-la pelo menos uma vez. Os jornais escrevem que ela matou cinco pessoas na agência do correio onde trabalhara. O local estava com muitos seguranças na hora em que tal suicida resolveu ir até lá.
Intriga-nos saber que duas das vítimas foram encontradas no estacionamento. E mais intrigados ficamos ao lermos que as autoridades foram alertadas quando dezenas de funcionários em pânico começaram a fugir do local e procuraram ajuda em uma central dos bombeiros do outro lado da rua. Isto na Califórnia.
Mais nos informam que nos anos 80 e início dos 90 um carteiro matou 14 pessoas e faria umas seis em dez minutos em Edmonton. Oklahoma. Também se matou Cains endemoninhados, penso, mas outros dirão que tudo acontece pelas circunstâncias de desajustes sociais e psicóticos. Talvez.
Que os posso comparar ao caso de Caim, será discutível, mas os efeitos de suas ações são idênticos a morte inopinada de tantos Abeis. Nos países ricos são casos desses. Nos países pobres, ou quase pobres, são os sequestros relâmpagos que se tornam em sequestros tradicionais, os sequestradores levam o sequestrado para cativeiro e pedem á família o resgate. A Folha de S. Paulo, 31/1/2006, p. 01 Informa que os pedidos de resgates diminuíram de valor ultimamente e que nunca foram pagos totalmente.
E essa mesma Folha publica a manchete berrante: SP tem mais seqüestros e menos homicídios. Mas não deixa de ser preocupante a situação. O melhor vem no corpo da citada página da Folha: A queda no número de homicídios em São Paulo anunciada ontem pelo governo estadual, segue uma tendência do que ocorre no restante do país.
A queda é nacional, mas parece que o ritmo em S. Paulo está mais acentuado. Para rematar as notícias tristes um industrial foi espancado em cativeiro. A maior revelação é que o acusado da trama o seqüestro é uma eletricista de 60 anos que prestava serviços na loja do industrial no Brás (região central de São Paulo).
Parece que a quadrilha, que seqüestrou o industrial paulista, constaria de dez bandidos e os dois que vigiavam o seqüestrado foram feridos na troca de tiros (reagiram) e morrera a caminho dum hospital. O resto da quadrilha ainda está solta.
Até aqui só notícias tristes. Mas que devemos fazer para sairmos deste mundo em que estamos. Educação, educação, distribuição de renda, a lenga-lenga de todos os dias, mas pelo caso da Califórnia não serão só estas causas. Educação moral e cívica, sim, mas deve haver um esforço titânico das famílias e das escolas para incutir nas almas o santo temor de Deus.
Racionalidade interpretativa
Walter Barreto de Alencar
Retornando à narrativa bíblica, Adão e Eva, uma vez expulsos do Éden, tiveram dois filhos, um deles assassinado pelo irmão, remanescendo três pessoas na família. Esse homicídio bem caracteriza os diferentes graus evolutivos dos homens, isto é, dos espíritos; Abel, pacífico e Caim, invejoso e irascível, apesar de possuírem a mesma herança genética e haverem recebido a mesma educação sob o mesmo teto.
Após o homicídio, Caim ouvia permanentemente uma voz (interna) a lhe perguntar: Caim, Caim, onde está teu irmão Abel? Era a voz do implacável tribunal da consciência, do qual ninguém consegue escapar. É sobretudo ele que nos julga, e tanto maior autonomia adquire quanto mais crescemos e conquistamos liberdade, desonerando progressivamente os magistrados auxiliares do Pai, que cada vez mais se restringem a apenas referendar méritos e registrar deméritos.
O Pai a ninguém julga (Jesus p/João 5: 22). Eu não o julgo; porque eu não vim para julgar o mundo, e, sim, para salvá-lo (Idem 12: 47).
Adão só voltaria a gerar o terceiro filho, de nome Sete, 130 anos depois, daí em diante continuando a procriar filhos e filhas, tendo morrido com a idade de 930 anos (Gen. 5: 3, 4). Se o fugitivo Caim havia encontrado nas terras de Node mulher adulta para casar-se e gerar o filho Enoque (Gen. 4: 16, 17) é porque a família de Adão não era a única no mundo. E mais, se Enoque gerou Irade, a Meujael, a Metusael, a Lameque, que praticou bigamia com Ada e Zila (Gen. 4: 18, 19), é porque havia muitas outras mulheres em condições procriantes.
Observemos esta sentença de Adão: Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher e serão ambos uma carne (Gen. 2: 24). (Na perpetuação da espécie é necessária a diversidade genética operada por genitores de diferentes famílias). Para cumprimento da sentença supra de Adão, era indispensável a existência de famílias compostas de pais e mães, varões e varoas.
Atentemos ainda para o temor de Caim ser morto por quem o achasse, e o Senhor diligenciando em proclamar castigo para quem o achasse e o ferisse (Gen. 4: 14, 15). Se Caim corria risco de ser achado e linchado por alguém, é porque deveria haver mais alguém no mundo além dos três membros de sua família.
O bom senso encaminha-nos para entendermos Adão e Eva - que teriam vivido por volta de quatro mil anos a.C. - apenas como tronco de uma etnia e não como a origem da espécie humana.
Está hoje perfeitamente reconhecido que a palavra hebréia haadam não é um nome próprio, mas significa: homem em geral, a Humanidade, a espécie humana, o que destrói toda a estrutura levantada sobre a personalidade de Adão (Allan Kardec - A Gênese XII: 16, Nota 1, confirmada pela Enc. Barsa). Adão deriva de Adamah que significa terra, barro.
A saga de Adão e Eva está presente em várias outras culturas. Histórias semelhantes aparecem na Mesopotâmia, como a relatada no sumério Poema de Gilgamesh, de aproximadamente 2.000 anos a.C.
Ao aportar na Terra, a raça adâmica já encontrara o planeta habitado, desde muito, tanto quanto aconteceu com a chegada dos europeus à América. Isso parece apontar-nos na direção de que o povoamento da Terra se deu em pontos diversos, concomitantemente, produzindo as diferentes raças.
Este assunto correlaciona-se com a saga dos anjos decaídos e do paraíso perdido. O progresso moral nem sempre marcha ao lado do intelectual. Bastas vezes, este é utilizado para a prática do mal, e até com refinamento, se guardar grande distância do outro. Quando os maldosos recalcitrantes no erro, infensos aos reiterados chamamentos à reforma, passam a causar estorvo ao meio civilizacional em processo de promoção, são banidos para mundos mais atrasados.
Aí, sofrendo o constrangimento de conviverem em sociedades primitivas, trazem, disseminam e transferem seus avanços culturais, resultando por elevarem o nível da nova hospedagem. Não foi exatamente isso o que aconteceu com os degredados delinqüentes ingleses na Austrália tribal? Da mesma forma, esta é a maneira racional de entender-se a expulsão, do Éden, dos decaídos anjos nas figuras de Adão e Eva deportados para a Terra, e que ajudaram a alavancar nosso progresso.
No mundo de onde veio a leva de espíritos personificados em Adão e Eva, certamente o progresso tecnológico já teria, naquela época, amenizado o labor do trabalho braçal que ainda imperava aqui. Por isto teria Deus dito ao filho decaído: Do suor do teu rosto comerás o teu pão (Gen. 3: 19).
E à filha igualmente banida: Multiplicarei grandemente a dor da tua conceição; em dor darás à luz filhos (Gen. 3: 16). Essas sentenças, que prima facie - ou seja, à primeira vista e antes de qualquer investigação - nos soaram como represália castigadora do Deus imperial e vingativo aos súditos desobedientes, em verdade são apenas informações sobre o novo mundo em que iriam habitar, ainda desprovido das máquinas da revolução industrial e da cibernética, assim como da anestesia para parturientes, que só chegariam muito tempo depois, portanto, ainda sujeito a condições já superadas no mundo anterior onde viviam e no qual não se tornaram dignos de permanecer, por enquanto. Dessa maneira, o Éden, tão procurado por nossos arqueólogos, não se localizaria em nosso planeta, senão em outro mais ditoso.
O clarividente Paulo renteou este assunto: E a vós outros que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus.
Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia (porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho).
Por isso também não cessamos de orar por vós, para que o nosso Deus vos torne dignos da sua vocação, e cumpra com poder todo propósito de bondade e obra de fé; a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado em vós, e vós nele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo (II Tes. 1: 7/12).
Extraído do livro Reflexões sobre a Doutrina Crística, de autoria do articulista.
Walter Barreto de Alencar -
walrecar@yahoo.com.br