Em sobrevôo no final da terça-feira, 11, A TARDE registrou focos de incêndio incontrolados nos municípios de Lençóis e Palmeiras, onde o Morrão, cartão-postal do Vale do Capão, resumiu-se a cinzas. Por quase toda a extensão desses dois municípios, uma paisagem lunar substituiu o verde. Copas de árvores em vegetação densa queimavam onde é praticamente impossível a chegada de brigadas. Segundo o piloto do helicóptero, no município de Mucugê pouca coisa restou.
Lençóis registrou, no final da tarde de terça, uma chuva fraca e rápida. De acordo com Ricardo Rodrigues, representante do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá), enviado ao local, “há a possibilidade de, em meados deste mês, haver precipitação na região”. Segundo ele, nos últimos 125 dias, uma massa de ar quente e seca inibiu a formação de nuvens. “Esperava-se que neste mês estivesse chovendo acima de 200 mm, mas isso não está acontecendo”, explica.
“A área crítica agora é Mucugê. É obrigação do Estado fazer este combate, mas precisamos da ajuda mútua de todos”, diz o coronel do Corpo de Bombeiros Miguel Filho. O responsável por coordenar a operação na Chapada garantiu que no término da operação entregará um planejamento contra incêndio para 2009. “De dia, o fogo tem vento leste; à noite, tem vento sul, o que dificulta o combate. É um monstro que está caminhando quilômetros por dia”, avalia Christian Berlinck, chefe do parque.
Segundo Berlinck, um helicóptero do Ibama entrou em pane, nesta terça, por causa da fumaça. Os helicópteros transportam brigadas e bombeiros para os locais de fogo, no máximo quatro pessoas por vês. Até municípios mais distantes, como Mucugê, a viagem de ida dura cerca de meia hora. Atualmente 150 voluntários, 42 contratados pelo parque e outros 50 bombeiros tentam apagar focos em uma extensão de 152 mil hectares.
No site do governo do Estado, na última notícia relacionada à Chapada – na segunda-feira –, lia-se que mais 70 bombeiros serão enviados a Lençóis esta semana. Os números no site contrariam os dados pelo Parque Nacional. Pelo site, há 350 brigadistas civis no combate ao fogo; o número disponibilizado pelo PNCD à reportagem foi de 17 brigadas e um total de 150 voluntários. Menos da metade, portanto.