Estudantes integrantes do Movimento Exu Tranca Rua - SSA ou Revolta do Buzu 2011 fecharam o Largo dos Barris, próximo a entrada da Estação da Lapa, no final da manhã desta terça-feira, 4. Por volta das 11h30, eles bloquearam as vias de acesso ao terminal, nas proximidades da Avenida Centenário e passaram a pichar os ônibus com os dizeres: "João Henrique traidor" e "R$ 2,30". A manifestação acabou por volta das 13h30.
Segundo o coordenador estadual do movimento "É preciso ousar", Gilcimar Brito, após finalizar o movimento, os estudantes subiram no ônibus sem pagar passagem e se dirigiram ao Colégio Estadual da Bahia (Central) para planejar novas manifestações. Reunidos no pavilhão do grêmio da escola, eles decidiram se concentrar amanhã na Lapa, entre 11h e 13h, para realizar panfletagem na tentativa de conscientizar a população.
Os estudantes decidiram também realizar passeata na quinta e sexta-feira, às 13h. Na quinta, a passeata será realizada na praça da Inglaterra, no Comércio, e na sexta os estudantes preveem realizar um movimento maior, que sairá do Campo Grande em direção à prefeitura.
"A proposta é que sejam reunidas 5 mil pessoas, incluindo integrantes de outros movimentos como associações de moradores e Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), por exemplo", afirmou Anderson Alves, presidente da Associação do Grêmios e Estudantes de Salvador (Ages).
Os estudantes ameaçam também paralisar a cidade após o retorno das
aulas, caso o valor da passagem não seja reduzido.
Manifestação - Duas viaturas da Polícia Militar, uma da Rotamo (Ronda Tática Motorizada) e outra do Batalhão de
Choque foram deslocadas para a Lapa nesta manhã, mas não foram registradas confusões nem interferências. O grupo reuniu mais de 150 estudantes em protesto contra o aumento da passagem dos coletivos em Salvador, que passou de R$ 2,30 para R$ 2,50 no último domingo, 2.
Os manifestantes entraram em confronto com alguns motoristas, que não queriam liberar o passe-livre. O cobrador de um ônibus da empresa União, que não quis se identificar, discutiu com os alunos e afirmou que, apesar de também ser estudante, não aprova o movimento. Mesmo com a resistência de alguns rodoviários, os manifestantes fizeram passe livre e só liberaram os ônibus após a entrada gratuita de alguns passageiros.
Ao longo da Avenida Vale dos Barris, onde havia um maior número de ônibus parados, um congestionamento foi formado, com filas de ônibus e carros de passeio. Um ônibus da empresa BTU, que havia sido parado, acabou sendo liberado pelos estudantes depois que uma passageira, de nome Augusta Maria Jesus, afirmou que levava o filho com paralisia cerebral que precisava tomar medicamentos às 12 horas.
A Transalvador permaneceu no local e recomendou que os motoristas usassem vias alternativas de acesso ao transitar pela região. Agentes de trânsito desviavam veículos na altura da antiga Fonte Nova, já que o tráfego no Dique do Tororó ficou congestionado nos dois sentidos.
A dona de casa Marileide Gonçalves, que tentou entrar em um ônibus na entrada da Lapa, disse que concorda com o movimento, mas reclama dos prejuízos. "Acho justo, mas desde que não atrapalhe a população, que façam em um horário melhor", diz.
Segundo os estudantes, o passe livre será feito com o intuito de dar prejuízo aos empresários, já que, segundo eles, a melhor forma de negociar é através do prejuízo. Desde o início da manifestação, os estudantes já convidavam os passantes a integrar o movimento, afirmando que as reivindicações beneficiam a todos.
No início do protesto nesta manhã, o que se ouviu na Estação da Lapa foram gritos de guerra como Tá na hora de botar João pra fora. Os estudantes já decidiram: João, o pior prefeito do Brasil, Boi, boi, boi, boi da cara preta, se não abaixar a passagem, vou pular a roleta e "O dinheiro do meu pai não é capim".
De acordo com o diretor de finanças da Ages, Wendell Matheus Andrade, de 21 anos, houve um acordo com o prefeito João Henrique em 2005 de que o valor das passagens seria congelado por dois anos, e esse acordo não foi cumprido. Os estudantes reclamam também das poucas unidades do Salvador Card na cidade - no Comércio, Iguatemi e Lapa -, o que dificulta o acesso por parte daqueles que moram longe dos locais.
O que os estudantes querem é a queda no valor da passagem e o congelamento por dois anos. Reconhecemos que é muito difícil que isso aconteça, mas acreditamos que, através das manifestações, podemos conseguir outros benefícios, afirmou Wendell.
A reportagem do A Tarde On Line entrou em contato com a assessoria de comunicação da Secretaria de Transportes Urbanos e Infraestrutura de Salvador (SETIN) e esta afirmou que não se posiciona em relação ao assunto. Segundo a assessoria, os motivos do reajuste já foram informados e a manifestação é um direito dos estudantes.
*Com redação de Clarissa Pacheco e Priscila Machado l A Tarde On Line