Marta Erhardt e Tássia Novaes,
do
A Tarde On Line
Subir a Colina Sagrada em devoção ao Senhor do Bonfim não é um ato exclusivo da segunda quinta-feira de janeiro, dia em que se lava a escadaria da igreja mais famosa de Salvador. Em clima de boas-vindas ao ano que se inicia, a primeira sexta-feira de 2006 também é louvada pelos devotos do padroeiro da Bahia.
O sol nem tinha nascido quando a primeira missa do dia foi celebrada, ainda de madrugada, às 3h30. Ao longo da manhã foram mais cinco missas. A última será celebrada no final da tarde, às 17h. A igreja, erguida no século XVIII, no momento passa por reformas de restauração e torna-se pequena diante da mobilização de centenas de fiéis.
São homens, mulheres, jovens, idosos e crianças, todos movidos pela fé. Gente como Maryagnis Sampaio, 47, que além de agradecer, reforça os pedidos de saúde e paz em 2006: Há vinte anos venho na última e na primeira sexta-feira do ano, revela a funcionária pública.
Pela fé em Senhor do Bonfim, os devotos enfrentaram sol forte e acompanharam a missa das 9h30 do lado de fora da Igreja lotada.
Aos 82 anos, dona Angelina Mitidieri não esqueceu a devoção baiana, apesar de morar há mais de 40 anos no Rio de Janeiro. Por volta das 10h chegou a igreja, mas não conseguiu entrar para assistir a missa, pois até mesmo o adro já estava cheio. Vou voltar no domingo. Infelizmente, para o dia da lavagem a idade não permite mais, disse, mas sem tom de lamentação.
Os ambulantes aproveitam o movimento e apostam na venda das lembranças da Bahia. A mais solicitada é a fitinha do Senhor do Bonfim. São 12 por R$ 1, anunciam os vendedores que ficam em frente ao templo. Mas basta dar uma volta no largo do Bonfim para encontrar uma lojinha que fica no fundo da igreja. Lá a promoção é mais em conta: são 32 fitinhas pelo mesmo preço.
Depois de compradas, leva-se as fitinhas para o padre benzer. A água benta acaba sendo muito bem-vinda diante do calor típico do verão baiano. Reza a tradição que ao amarrar a fita no braço, a pessoa deve fazer um pedido, que será realizado quando a fita arrebentar.
Consideradas como símbolo da Bahia, as fitinhas foram criadas no início do século XIX, quando eram chamadas de medidas por terem o mesmo tamanho do comprimento do braço direito até o peito da imagem do Senhor do Bonfim. Ao longo dos anos, passaram a ser confeccionadas em diversas cores e podem ser encontradas em qualquer estabelecimento turístico de Salvador.