O laudo da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), do Rio de Janeiro, confirmando ou rejeitando a possibilidade de a morte de Geraldo de Freitas Santos ter sido provocada pelo vírus H1N1, causador da influenza A, deve ser emitido nos próximos dias. Fragmentos do pulmão, traqueia e gânglios e secreções nasais da vítima foram enviadas para análise na Fiocruz fluminense, laboratório de referência para a Bahia.
O corpo de Geraldo de Freitas Santos foi enterrado na quarta-feira, 29, à tarde, no Cemitério do Campo Santo. No velório, o caixão foi mantido aberto e os parentes da vítima negam que ele tenha morrido por causa da gripe A.
Apesar de os resultados dos exames demorarem em média 15 dias, devido à grande demanda nacional, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) pediu urgência, já que este pode ser o primeiro caso de contágio na Bahia de uma pessoa que não viajou ao exterior nem, até onde foi investigado, teve contato com pessoas que tenham vindo de país estrangeiro ou do Sul do País.
Na quarta, seis pessoas estavam internadas em Salvador com suspeita de gripe A – duas no Hospital Octávio Mangabeira, referência para a doença, e os demais em unidades particulares. Desde o início da epidemia, a Bahia teve 276 notificações, sendo 54 casos confirmados, 54 descartados e os demais sob investigação.
Devido à primeira morte com suspeita da doença na Bahia, a Sesab convocou uma entrevista coletiva na manhã de quarta, quando tentou tranquilizar a população. “É motivo para se preocupar, mas não é situação de pânico. A letalidade de 0,45%, compatível com a influenza sazonal. E as mortes geralmente associadas a complicações em pessoas que já possuem doença de base”, alertou Alcina Andrade, diretora de Vigilância Epidemiológica.
Também participaram da coletiva Marlene Carvalho, superintendente de Vigilância da Saúde, representando o secretário da Saúde, Jorge Solla; Juarez Dias, coordenador de Vigilância às Emergências de Saúde Pública; e Maria Mazzarello, coordenadora de influenza no Estado.
Combate - A equipe da Sesab destacou a mudança de estratégia no combate à disseminação da gripe A. Inicialmente, as ações preventivas se concentraram nos acessos ao Estado, como aeroportos e portos. Com a mudança de protocolo por parte do Ministério da Saúde, a política tem sido monitorar os casos, especialmente os mais graves, com fornecimento de medicamentos.
Menores de 2 anos, maiores de 60, grávidas, portadores de cardiopatias, diabete, câncer, Aids e doenças respiratórias estão entre os pacientes predispostos a desenvolver um quadro mais grave e, por isso, exigem atendimento diferenciado. No caso de Geraldo de Freitas Santos, ele era hipertenso e tinha histórico familiar de morte súbita.
Familiares e pessoas que tiveram contato com Geraldo Santos serão monitoradas por cerca de sete dias, período de incubação do vírus. De acordo com Juarez Dias, ninguém da família apresenta sintomas.
“Estamos levantando onde ele circulou, locais onde esteve e pessoas com quem manteve contato”, ressalta Juarez. A vítima era bancário, mas ultimamente trabalhava como corretor de imóveis, função que o colocava em contato com vários clientes. Mas, segundo familiares, ele estaria afastado das atividades.
Dos 54 casos de influenza A confirmados na Bahia, 90% foram pessoas que estiveram na Argentina ou que tiveram contato com estrangeiros oriundos dos países com maior incidência da doença.
Em relação às precauções, Juarez Dias ressalta que a Sesab preparou um material que está sendo distribuído nas escolas particulares, alertando os professores. Nesse retorno de férias, quando os alunos costumam viajar, qualquer sintoma de gripe verificado pelos professores deve ser informado aos pais, solicitando que estes levem seus filhos ao médico. Lavar as mãos e cuidados com a higiene são recomendados.
O hospital de referência para o atendimento a pacientes com gripe A é o Octávio Mangabeira, na Caixa D’Água, que funciona 24 horas. Pessoas que apresentarem sintomas – febre acima de 38º, tosse, dor de garganta, mialgias, coriza e espirros frequentes – podem procurar o hospital, postos de saúde ou hospitais da rede particular.
Segundo Juarez Dias, apenas em casos mais graves há internamento ou mesmo tratamento com a medicação tamiflu. “Deve-se evitar a automedicação”, aconselha. Alcina Andrade assegurou que na Bahia há quantidade suficiente de medicação, inclusive para suprir a rede privada, caso necessário.
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