Quatro policiais que trabalhavam com os PMs envolvidos na Chacina de Pero Vaz foram ouvidos em audiência, concluída por volta das 10h30 desta sexta-feira, 28, no Fórum Ruy Barbosa, em Nazaré. Eles foram levados para falar sobre a conduta dos doze PMs da 37ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), no bairro da Liberdade, diretamente envolvidos na operação que aconteceu no dia 4 de março do ano passado, e deixou sete pessoas mortas e uma desaparecida.
Somente uma das testemunhas ouvida nesta sexta teria participado da diligência que resultou na chacina. Algumas das testemunhas de defesa não compareceram e o advogado de defesa, Bruno Teixeira Bahia, pediu substituição de duas outras. Por causa disso, a audiência foi remarcada para a próxima terça-feira, 1º de fevereiro, às 13h. Nesta ocasião, outras testemunhas serão ouvidas e possivelmente deve acontecer o depoimento dos doze PMs envolvidos diretamente no crime, de acordo com o promotor do Ministério Público da Bahia, Davi Gallo. "95% do processo está cumprido e solicitamos explicações ao IML sobre o laudo cadavérico e a perícia", acrescentou.

PMs envolvidos na chacina aguardam para prestar depoimento
Quanto às mortes das sete pessoas, o advogado Bruno Teixeira Bahia afirmou que é uma surpresa para os PMs a localização de três mortos dias depois da chacina. "As pessoas estavam em locais diferentes e em casas diferentes no bairro. No processo não surgiu nenhuma ligação entre os três encontrados depois e os mortos na troca de tiros com a polícia". Os PMs assumem somente a morte de quatro pessoas em um auto de resistência em uma residência do Pero Vaz.
Em um dos quartos desta casa, foram identificados traços de sangue tipo O negativo, o mesmo RH sanguíneo de Érica dos Santos Calmon, de 15 anos. A adolescente teve o corpo encontrado cinco dias depois da chacina na Estrada das Cascalheiras, em Camaçari. Neste local, foi encontrado o corpo de Luís Alberto Pereira dos Santos, 33, que também sumiu no dia do crime. Os PMs também não assumem a autoria do assassinato da jovem Alessandra de Jesus Santos, 17, que
teve o corpo localizado na estrada da Usiba, no Subúrbio Ferroviário.
Presente à audiência, Natalice Santos, mãe de Érica, disse que compareceu para escutar dos acusados os motivos do assassinato de sua filha. "Não tem lógica arrancar a cabeça de uma menina e depois deixá-la em outro município. Eles dizem que foi um auto de resistência, mas porque tentaram dar fim no corpo? Eu tive que enterrar minha filha aos pedaços", comentou, emocionada. Ela entregou ao promotor uma carta falando sobre o caso e com fotos da filha.
* Com redação de Giovanna Castro, A Tarde On Line