Atraso e falta de água comprometeram trabalho dos bombeiros
O casarão destruído após um incêndio neste domingo, 11, na Ladeira da Preguiça, no bairro do Comércio, ainda conta com focos isolados de fogo que geram um grande volume de fumaça na manhã desta segunda-feira, 12. Por causa do risco do fogo se espalhar novamente pela construção, uma viatura do Corpo de Bombeiros está no local para debelar completamente as chamas. A suspeita é que o incêndio tenha começado após um curto-circuito.
Nenhum dos 16 moradores do imóvel ficou ferido. O fogo começou por volta das 17h. No momento do incêndio, apenas uma pessoa estava dentro do imóvel. Os demais moradores estavam reunidos em frente à casa, em um bar. <GALERIA ID=17826/>
O casarão pertencia a família de Hildes Safira de Almeida, 46. Desempregada, Hildes residia no local há 28 anos com o esposo, mais nove filhos, três netos, um irmão e um sobrinho.
De acordo com relato da família, o Corpo de Bombeiros foi acionado por volta de 17h e só chegou ao local às 18h. Além da demora, Hildes conta que só conseguiu registrar o chamado porque seu esposo foi até o quartel da corporação, na Barroquinha.
"Nós ligamos várias vezes e não conseguimos falar. No desespero, meu esposo foi até lá e não tinha carro nenhum. Disseram a ele que a equipe de plantão estava em outro lugar e que seria acionada. Mas demoraram demais para chegar", contou.
Segundo informações de vizinhos, o carro dos bombeiros chegou ao local sem água e teve que esperar a chegada de um carro pipa cedido pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) para ser reabastecido. "Se fossem mais rápidos, talvez a destruição não teria sido tanta", afirmou Rafaela Almeida da Silva, 21, moradora do imóvel.
Durante a ação dos bombeiros, o carro precisou ser reabastecido por mais três vezes. Além disso, os agentes encontraram dificuldades em posicionar a escada magirus em frente ao casarão. "Não é uma área nivelada, então é difícil posicionar o equipamento. Mas conseguimos e a escada ajudou significativamente a diminuir os danos no imóvel", afirmou o capitão do Marcos Mello.
O fogo só foi controlado às 20h30. De acordo com informações do capitão Mello, somente após a inspeção de técnicos da Defesa Civil de Salvador (Codesal) será possível avaliar os danos à estrutura do imóvel. "A parte interna da casa ficou completamente destruída. A fachada foi construída com paredes reforçadas e por isso não desabou. Verificamos a parte interna das casas ao lado e não notamos danos nem rachaduras", explicou o bombeiro.
Enxoval queimado - Por conta do incêndio, a Rua Dionísio Martins teve que ser interditada. Na porta do casarão, os moradores tentavam reunir os poucos pertences que conseguiram resgatar antes do fogo se alastrar por todo o imóvel.
Funcionário de uma empresa de reciclagem, Geraldo Hermes Safira de Almeida, 41, conseguiu recuperar a geladeira e algumas roupas. "Assim que vi a fumaça começando a subir e meus sobrinhos correndo, entrei rápido e peguei algumas coisas que vi pela frente. Foi pouca coisa, mas foi o que consegui", contou.
A estudante Raíza Almeida da Silva, 19, não teve a mesma sorte. Grávida de nove meses, Raíza perdeu todo o enxoval que preparou para a filha Daniela, que deve nascer no final do mês de novembro. "Tive tanta dificuldade para comprar as coisas da minha filha, agora o fogo destruiu tudo que tenho, não sei o que vou fazer. Nós nem temos para onde ir", lamentou.