Paulo Brito mostra a mão queimada quando pegou a pedra que caiu em seu quintal
Está descartada a possibilidade da pedra encontrada na noite de quinta-feira, 21, por Paulo Brito, morador do bairro de Água de Meninos, ser um meteorito. O doutorando em geologia na Ufba e especialista no assunto, Wilton Carvalho, analisou o material com calma e afirma não ser possível que tenha vindo do espaço. O material foi levado na sexta pela reportagem de A TARDE para avaliação na universidade.
"O material não tem a crosta de fusão, que é uma capa preta causada pela entrada na atmosfera. Também estava superenferrujada, o que só acontece quando ela já está há muito tempo na terra em contato com o gás oxigênio. Em terceiro, a pedra não tem ferro metálico [em estado mais bruto], uma das principais características de meteoritos. Em quarto, ela tem vesículas, que são cavidades causadas pelo ar", explicou Carvalho.
Ainda não foi feita uma análise química, mas o especialista afirma que com essas características já é possível descartar a hipótese de que seja um meteorito. Segundo Paulo, o material caiu do céu e deixou um rastro azul e rosa, antes de cair no seu quintal e derrubar pés de maçã e de limão que cultivava.
O morador ainda afirma que chovia e relampejava no momento, mas o especialista não vê relação entre os fatos. "Em princípio, a queda de um raio e de um meteorito não têm nenhuma relação. Pode ter sido apenas uma coincidência", argumenta.
Paulo Brito não tem interesse de ficar com a pedra. Ele preferiu deixá-la na universidade para que seja estudada pelos pesquisadores. "Não quero. Deixei lá [na Ufba] para eles estudarem. Quero que ajude eles a descobrirem do que é composto o universo", afirmou.
Raulzito - Desde os anos 80 que o morador de Águas de Meninos usa um visual inspirado em Raul Seixas e há dez, ele se apresenta como cover do músico baiano. Nas apresentações, usa o nome de Raulzito da Cidade Baixa. "Eu comecei a gostar de Raul por causa das letras. Acho que ele tem a ver com a natureza, porque ele fez muita música para a natureza", explica.
Além da atividade como cover de Raul Seixas, Paulo recolhe material reciclável pelo bairro onde mora há dez anos e vende para cooperativas. "Eu gosto de cuidar do meu bairro e queria poder ajudar mais o pessoal que vive por aqui", revela.
Entre os vizinhos, ele é chamado de maluco beleza e mantém uma boa relação. Lúcia Oliveira, moradora do local há 12 anos, conta que Paulo é um bom vizinho. "Ele é rápido. Faz reciclagem e ainda se apresenta como se fosse o Raul". "Ele é o nosso Raul Seixas, o maluco beleza", conta Paulo Oliveira, outro vizinho do reciclador e cover de Raul.