Corpo na Paralela: atropelamento é principal causa de mortes no trânsito da capital
Pedestres são os que mais morrem no trânsito de Salvador. Segundo dados da Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador (Transalvador), 249 pessoas morreram no trânsito da capital em 2012, sendo que 116 (46,5%) estavam a pé.
Baixa entre motociclistas também foi alta: 46 óbitos (18,4%). Em comparação com o ano anterior, houve aumento de cerca de 7% no número total de mortes - foram 233 óbitos em 2011.
De acordo com informações do órgão, em 2012, das 6.728 vítimas de acidentes de trânsito (entre feridos e mortos), 62,5% eram motociclistas ou pedestres (2.574 e 1.633, respectivamente).
Ainda segundo os dados da Transalvador, o atropelamento foi a principal causa de morte no trânsito de Salvador no ano passado, com 117 óbitos, seguido das colisões entre veículos, que registraram 68. O órgão ainda não possui dados atualizados de 2013.
Na opinião de especialistas consultados por A TARDE, a não implementação e fiscalização das leis, a falta de educação para o trânsito e, principalmente, a questão comportamental da população influenciam para o aumento das mortes no trânsito, não apenas em Salvador.
Congresso
Para debater o tema e buscar soluções para o problema,
a Federação Nacional de Associações de Detran (Fenasdetran) realizará, entre os dias 30 de outubro e 1º de novembro, o congresso Trânsito e Vida.
O evento vai trazer especialistas brasileiros e estrangeiros para discutir temas como álcool ao volante, mobilidade sustentável e ações de segurança.
Segundo o presidente da Fenasdetran, Mário Conceição, cerca de 75% dos leitos de hospitais públicos são ocupados por vítimas de acidentes de trânsito. "Os acidentes de trânsito custam R$ 40 bilhões aos cofres públicos no SUS".
Para ele, a resolução do problema inclui investimentos em educação para o trânsito, vias bem conservadas, fiscalização e punição.
Há dois anos, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou o projeto Década de Ação para a Segurança no Trânsito 2011-2020, cuja meta é reduzir em 50% os índices de mortalidade neste período em todos os países-membros (entre eles o Brasil).
"O Código Brasileiro de Trânsito é um dos melhores do mundo, mas a implementação e fiscalização são frágeis. Se continuar assim, não atingiremos a meta", adverte Mário Conceição.
Programas
A gerente de educação para o trânsito da Transalvador, Miriam Bastos, afirma que o órgão desenvolve três programas no sentido de informar e educar a população.
Os programas têm como público-alvo condutores, pedestres e crianças. Os membros do órgão vão a universidades, escolas e comunidades para realizar palestras. Segundo Miriam, o trabalho desenvolvido pelo órgão tem como objetivo alcançar a meta prevista pela ONU.
"A prefeitura está investindo em engenharia de tráfego, na mudança no sistema de transporte, fiscalização e, principalmente, na educação para atingir a meta", diz.
Segundo ela, o alto número de mortes de pedestres e motociclistas é uma tendência nacional. "Queremos que a sociedade abrace a mudança de comportamento, respeitando os veículos de menor porte, pedestres e todos os demais no trânsito", reforça.
Para o presidente local da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), Armênio Santos, o fato de motociclistas e pedestres serem as maiores vítimas dos acidentes de trânsito reflete a necessidade de mudança cultural.
"No trânsito, os motoristas querem se sobressair uns sobre os outros. Quem está em um veículo maior acha que pode desrespeitar as leis", enfatiza.