Este é o segundo furto que acontece na creche
Que tipo de bandido é capaz de furtar uma creche? O questionamento é inevitável diante do cartaz na porta do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) José Maria de Magalhães Neto, avisando que as aulas foram suspensas por causa do furto ocorrido na madrugada de terça-feira, 29.
Mais de cem crianças, de 4 meses a 5 anos, matriculadas na unidade, situada no bairro de Pituaçu, acabaram sendo vítimas indiretas da ação.
Segundo um porteiro do CMEI, que pediu para não ser identificado, dois ou três homens pularam o muro e entraram pela janela de uma das salas. Os ladrões levaram brinquedos, ventiladores, aparelho de som, cafeteira e produtos de higiene, a exemplo de sabonete e xampu.
"Ouvi o barulho e pensei que era um gato, mas depois escutei uma zoada maior. Fui ascender as luzes e comecei a apitar gritando 'pega ladrão', porque a gente trabalha desarmado", relata o porteiro. Os bandidos invadiram três salas pela janela, mas não conseguiram ter acesso à parte interna da escola.
"Eles tentaram arrombar uma porta, mas fugiram pela mesma janela por onde entraram. Liguei para a polícia, e o pessoal chegou uma hora depois. Eles ainda abordaram alguns suspeitos na rua, mas ninguém estava com as coisas roubadas", conta o porteiro.
Outros
Pais de alunos e funcionários do CMEI lembram que este foi o segundo furto este ano, o quinto desde 2008, quando a creche passou a ser administrada pela prefeitura.
"Isso poderia ser facilmente evitado, se tivesse grades nas janelas das salas. A escola é muito vulnerável", afirma um funcionário, sob anonimato.
Risco
Os roubos constantes no CMEI José Maria de Magalhães Neto expõem outras deficiências da unidade infantil. Apesar de ter passado por uma reforma no primeiro semestre desse ano, um problema elétrico na unidade ainda não foi resolvido.
"Ocorre uma grande sobrecarga de energia quando todos os aparelhos estão ligados e alguns já queimaram", informa uma professora. Essa questão força a instituição a só funcionar durante a manhã.
A dona de casa Caroline Araújo, 23, disse que precisou deixar o emprego para cuidar da filha de 3 anos porque o CMEI só está funcionando em meio período. "Muitas mães estão na mesma situação que a minha. Assim é complicado", declara.
O líder comunitário Frank Cerqueira acredita que o terreno livre da escola poderia ser usado para construir novas salas para atender a demanda. "Há mais de 100 crianças na lista de espera", afirma.
A Secretaria Municipal da Educação informou, por meio de nota, que o CMEI José Maria de Magalhães Neto, mesmo depois de reformado, ainda passa por alguns reparos. A nota ainda diz que a unidade infantil volta a funcionar, em tempo integral, na próxima semana.
No entanto, o órgão não esclareceu se o problema elétrico será resolvido e se grades serão instaladas nas janelas. Os funcionários do Centro Municipal de Educação Infantil registraram queixa do furto na 9ª DT (Boca do Rio).
Colaborou Douglas Neves