A repórter Giuliana Mancini se passou por estrangeira para testar atendimento aos turistas
Falta pouco mais de seis meses para a Copa do Mundo no Brasil. E, entre tantos locais para os 70 mil turistas estrangeiros visitarem - estimativa da Secretaria do Turismo da Bahia -, uma coisa é certa: quem vem de fora tem que passar por algum aeroporto. Será que o de Salvador é uma boa escolha?
Para conferir, a reportagem de A TARDE foi até o Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães e, passando-se por turista, tentou tomar um chocolate quente, tirar dinheiro, comprar um guia e pegar um táxi. A tarefa não foi fácil.
Eu e o repórter fotográfico Raul Spinassé chegamos ao aeroporto e decidimos passar em uma livraria para comprar um guia sobre Salvador. Assim, poderíamos conhecer melhor o nosso local de destino. Primeira observação: nenhuma das categorias de livros (como "literatura estrangeira" e "dicionários") tinha tradução.
Pedimos ajuda, então, a um funcionário que falava inglês. Ele entendeu o que queríamos e foi procurar nosso guia. Nossa sorte parou por aí: mesmo sendo uma livraria de aeroporto, não há livros sobre Salvador em inglês. Tudo que conseguiríamos era um mapa.
Saímos da livraria e fomos ao café logo em frente. Sentamos e buscamos um menu em inglês. Não há.
Tentamos, então, pedir ao garçom um "hot chocolate" (chocolate quente). A resposta foi: "Vocês querem um chocolate em barra?", assim mesmo, em português.
Começamos a fazer mímica, e só aí ele entendeu. "Water" (água) também não foi fácil e, mais uma vez, tivemos que recorrer a gestos. Pelo menos, veio tudo certo.
A mímica para "conta", ele entendeu depressa e trouxe o valor total rapidinho.
Souvenir
Próxima parada: loja de lembranças. Pedi a uma das atendentes ajuda para escolher um presente. Ela não falava inglês, mas outra funcionária arranhava o idioma.
A primeira ideia delas foi me mostrar as camisas. Disse que queria algo menor, como um imã de geladeira. Elas me indicaram um de R$ 17,90, mesmo havendo outros custando R$ 4 na vitrine. Fiz-me de desentendida e paguei.
Gastando tanto, queria achar um caixa eletrônico, ATM em inglês. Avistei um balcão de informações da Infraero e pedi ajuda ao atendente, que não falava inglês. Tentei a palavra "money", mas ele não entendia.
Mais uma vez, tive que me comunicar por mímica. Ele entendeu e, também por gestos, me explicou como fazia para achar os caixas.
Descemos e perguntamos sobre os caixas mais uma vez, agora no posto da Polícia Militar. "Não falo inglês, vá para o próximo balcão", respondeu o policial.
O próximo balcão era a Central de Informações Turísticas. Ponto alto da nossa tarefa, o atendente falava inglês, nos deu um mapa, perguntou onde íamos ficar, quantos dias e se tínhamos algum passeio em mente.
Falei que queria ir para a Fonte Nova no domingo, e ele disse que podíamos ir de táxi ou ônibus, mas indicava a primeira opção. Fomos atendidos com facilidade também no guichê de câmbio.
Táxi
Missão cumprida no aeroporto, seguimos ao ponto de táxi comum. Um dos ajudantes não entendeu nosso destino, mas conseguiu pedir, em inglês, nossa reserva, para descobrir nosso hotel. Dei um papel com o endereço do local, e ele o passou para o primeiro taxista na fila.
A viagem foi tranquila, sem enrolações de caminho. Chegando ao hotel, o taxímetro marcava R$ 65, mas tivemos dificuldades em entender, pois o aparelho estava com as luzes fracas.
Dei R$ 70 para o taxista e, na hora do troco, uma surpresa: "O taxímetro está quebrado, o valor foi de R$ 56", me disse, em um inglês macarrônico mas entendível. R$ 14 a menos.
Depois da experiência de turistas no Aeroporto Internacional de Salvador, Raul e eu chegamos à conclusão de que, apesar de termos conseguido tudo que queríamos, a língua estrangeira ainda é uma barreira muito grande.
Se houver, pelo menos até o término da Copa do Mundo, um funcionário em cada estabelecimento que arranhe no inglês, a passagem do turista, certamente, será mais agradável.