"Há um genocídio em curso", disse Coelho ao microfone
A Câmara Municipal realizou nesta quinta-feira, 10, (dia do 66º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos) a audiência pública 'Violência, Extermínio e Desaparecimento de Adolescentes e Jovens em Salvador'.
O debate foi promovido pela Comissão Especial de Defesa da Criança e do Adolescente, Comissão de Educação, Comissão da Reparação, Ouvidoria, Comissão de Defesa dos Direitos das Mulheres, Comissão Especial da Família e da Frente Parlamentar da Juventude.
A discussão foi motivada pela denúncia feita à Comissão Defesa da Criança e do Adolescente da Câmara, no dia 18 de novembro, por Rute Fiúza. Seu filho, Davi Fiúza, 16, desaparecido em 24 de outubro, teria sido levado por policiais militares no bairro de São Cristóvão.
"Não sinto saudade, sinto um vazio incontrolável. Qual o nome que se dá a uma mãe que há 48 dias não vê seu filho? Tortura", disse Rute na audiência dirigida pelo vereador Hilton Coelho (PSOL).
O presidente do Colegiado de Defesa da Criança disse que Salvador ocupa a terceira posição no ranking nacional de homicídios de jovens negros e que a quantidade de casos resolvidos em todo o Brasil não chega a 3%.
Segundo ele, a audiência apontou algumas necessidades, como a criação de um grupo de trabalho voltado especificamente para a questão dos desaparecidos, cobrando do estado respostas concretas a respeito destas pessoas e de outro grupo voltado para a questão da violência.
"Este outro grupo iria discutir alternativas em relação à política de segurança pública, projetos efetivos. Queremos mudança", disse.
Estatística
De acordo com as estatísticas do Registro Civil 2013, divulgadas terça-feira pelo IBGE, dos 3.407 jovens que morreram em 2013 na Bahia, 2.668 (78,9%) foram vítimas da violência. Essa foi a segunda maior proporção verificada no Brasil.
O número fica atrás apenas do Rio Grande do Norte, onde 79,3% das mortes dessa faixa etária foram por conta de causas violentas. Entre as mulheres, esse tipo de morte representa 36,3% do total de jovens que morreram. Neste ano, foram registrados 644 falecimentos de garotas entre 15 e 24 anos na Bahia.