Baiano do município de Acajutiba, Novaes é também escritor e tem formação em filosofia e engenharia
Psicólogo há 20 anos, Adenáuer Novaes, 59, é o novo articulista de A TARDE. A partir da próxima quarta-feira, o também escritor, engenheiro e filósofo vai se debruçar sobre o cotidiano baiano com um olhar psicológico.
Temas como corrupção, preconceito, gênero e depressão, entre outros, serão abordados em artigos quinzenais assinados por ele na página Opinião. Ele diz ser assinante de A TARDE há anos e sempre sentiu falta de uma coluna que abordasse sua área de atuação.
"Ainda existe certo preconceito com a área. Você ouve as pessoas dizerem que ir ao psicólogo é coisa de maluco. Eu quero escrever para informar e educar. E um jornal de grande circulação no Norte e Nordeste é o canal ideal para atender a essa proposta", diz.
Adenáuer é natural de Acajutiba, no leste baiano, a 179 km de Salvador. Tem especialização em psicologia analítica pela Faculdade Bahiana de Medicina e Saúde Pública e é autor de 22 livros. Dentre as obras publicadas, chama atenção para Mito pessoal e destino humano: "Ele leva o leitor a se questionar sobre o seu mito. O que é que eu persigo como mito de vida? E, em paralelo, tracei ideias sobre o destino dos seres humanos a partir do seu mito", explica.
Em 1995, fundou a instituição espírita Lar Harmonia, que engloba escola, creche, ambulatório médico, lar para idosos e assistência a moradores de rua. A instituição atende cinco mil pessoas por semana. Apesar de ter se formado em engenharia civil aos 26 anos, para atender ao desejo do pai, o militar Hostilo Freire, Adenáuer sempre sentiu atração pelas ciências humanas. A atuação como engenheiro, na Caixa Econômica Federal, durou 17 anos e logo foi substituída pelo atendimento clínico.
Segundo ele, a formação em engenharia e filosofia o ajudou a ter um olhar mais completo e a tratar dos pacientes de forma assertiva e direta. "Eu tenho uma base na realidade objetiva, na vida prática", afirma.
Na psicologia, ele segue a linha junguiana, que tem influência dos estudos de Freud, mas se difere por apostar na existência de um inconsciente coletivo, um inconsciente formado por funções herdadas de geração em geração.
Saga do baiano
Em seus artigos, Adenáuer pretende falar sobre os conceitos clássicos da psicologia. Mas também quer discutir temas comuns do cotidiano e analisar a saga do baiano, povo que, na avaliação dele, sofre, luta, mas continua a manter a alegria.
"Isso me chama muito a atenção: como consegue uma pessoa em meio a tantas adversidades ser cheia de vida?", pergunta. Para ele, o baiano é diferente, é um povo autêntico, principalmente devido à mistura de genes.
"A participação do negro no nosso DNA nos deu uma garra muito grande, ao mesmo tempo em que somos donos da terra, como os índios. Não somos nenhum povo em particular, somos uma mistura", completa.
Público feminino
Nas clínicas onde atende, na Pituba e em Jaguaribe, Adenáuer diz que o público feminino representa 70% dos pacientes. O principal motivo da procura, segundo ele, é o relacionamento amoroso. "A mulher é um ser voltado para se relacionar, mas nem sempre encontra reciprocidade no seu par. Também pretendo abordar esse assunto", diz.
Outros problemas frequentes em seu consultório, e que também serão abordados, são a depressão e a busca pelo sentido da vida.
"A depressão é um problema sério e muito frequente. Ela afeta a produtividade, a disposição da pessoa, o interesse pela vida e a funcionalidade social, portanto precisa de uma atenção terapêutica frequente para se obter o alívio ou a cura", afirma.
O sintoma claro para diagnosticar a patologia, segundo ele, é a anedonia (a perda do desejo de fazer as atividades do cotidiano).
Ao falar sobre o assunto, Adenáuer diz que pode ajudar o paciente e familiares a diagnosticar o problema.