Órgão ambiental (Inema) informou não ter feito registro
Pescadores, moradores e proprietários de barracas localizadas na praia de Buraquinho (Lauro de Freitas, Grande Salvador) foram surpreendidos, na manhã desta quinta-feira, 18, quando espécies de peixes apareceram mortas no local
Segundo alguns deles ouvidos por A TARDE, este é um fenômeno recorrente na praia toda vez que fortes chuvas acontecem na região.
A moradora Cristina Maria, que trabalha em uma das barracas, diz que "ninguém consegue explicar" o motivo do acontecido mas, para ela, é "Deus fazendo a faxina".
"Em junho aconteceu igual. Eu acredito que seja por causa do encontro do rio Joanes com o mar ou talvez seja essa vegetação que também influencia na falta de oxigênio dos peixes, porque os que vi estavam com a boca aberta" opinou.
O pescador João Bonfim, que está na profissão há 49 anos, conta que a morte dos peixes acontece "há muitos anos", e pensa saber a razão do acontecido.
"As comportas [do sistema fluvial] foram fechadas, e isso faz com que o rio fique parado. Quando chove, a água suja se encontra com o rio e os peixes morrem sem ar. A solução é que essas comportas sejam abertas logo. A água precisa passar", opina.
A TARDE entrou em contato com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e a assessoria de comunicação respondeu que não há registros atuais deste tipo de ocorrência no local.
Informou, ainda, não ter conhecimento das comportas citadas, mas que será encaminhada uma solicitação sobre o ocorrido para que sejam obtidas maiores informações.
O diretor de limpeza urbana da secretaria de serviço público de Lauro de Freitas, André Lacerda, disse nunca ter presenciado esse tipo de acontecido.
"Minha equipe estava fazendo a limpeza da praia, como sempre faz pela manhã, quando foram encontrados alguns peixes mortos junto com a vegetação", relatou.
Lacerda completa afirmando que não sabe explicar o que acontece no local, e que é preciso que seja feito um estudo por ambientalistas para que seja identificada a verdadeira causa.
"Aberração"
Alberto Luís, morador da região de Buraquinho, descreve o fato como "uma aberração", e diz que falta maior cuidado com a preservação do ambiental.
"Não tem um tratamento sanitário. A gente fica à mercê da falta de um sistema adequado. Toda poluição e os detritos dos prédios vêm direto para o rio. Assim, o peixe não tem como viver", ele reclama. "Um lugar tão lindo e a gente vê acontecer uma coisa assim", completa Alberto.
O proprietário de uma das barracas, conhecido como Aprigio das Ostras, 32, também revela já ter visto a morte de peixes diversas vezes, mas que, até agora, não foram tomadas providências.
"Já presenciei isso. Toda vez que chove forte acontece. Eu acredito que seja falta de tratamento da água que chega ao rio", ele acredita.