Movimentação de embarcações no mar aumenta durante o verão
"Eu já nasci gostando de barco". Entre analogias e comparações, o oftalmologista Marcos Mascarenhas, 60 anos, relata a paixão pela cultura náutica, sobretudo a de veleiros.
O interesse por embarcações foi motivado pelo pai, Rubem, que o levava, durante a infância, para pescar em um barco a vela, pela Baía de Todos-os-Santos.
Depois de um tempo afastado, "devido às responsabilidades da vida" - trabalho e constituição familiar -, Marcos se rendeu à paixão e comprou um barco de 26 pés para passear, com a esposa e os três filhos, pelas ilhas próximas a Salvador.
Para aprimorar o aprendizado sobre navegação a vela, competições. Para proporcionar mais conforto e segurança para a família, barcos maiores. Atualmente, a embarcação dele é de 36 pés e o objetivo é dar a volta ao mundo com a esposa.
"Toda navegação é saudável. Mas o veleiro é mais gostoso, é salutar. Permite uma aproximação maior com a natureza. É preciso entender do vento, de enchente, do fluxo das marés, e conhecer o tempo", explica o oftalmologista, que já transferiu a afeição para o filho Rodrigo, um advogado de 28 anos.
Este conta que as experiências no mar ensinou-o a conviver com as pessoas, respeitando os defeitos e as virtudes de cada um.
"O barco não é só um bem material, é um estilo de vida. É um lugar pacífico e de bom relacionamento. Você conhece outros seres humanos e respeita-os, independentemente de status e condição social", diz Rodrigo.
Peculiaridades
Está enganado quem pensa que a cultura no mar é apenas comprar uma embarcação e sair navegando. Para pilotar, é necessário uma habilitação emitida pela Capitania dos Portos, que pode ser de amador ou profissional, a depender do nível de experiência. Para adquirir uma carteira, é necessário ser maior de 18 anos.
A cultura náutica tem algumas vertentes, como a de grandes embarcações, de recreação e de esportes. A que mais tem preocupado os navegadores são as de recreação com velocidade.
"O mar é um lugar belíssimo, que tem que ser aproveitado com segurança. A moda da velocidade, com a moto aquática, é uma das modalidades mais perigosas. As pessoas não precisam se exibir e não devem se preocupar com o tempo. Vamos pescar mais, curtir a natureza e aproveitar o que nos é oferecido", frisa Marcos.
Skipper (piloto) profissional, o carioca Gustavo Pacheco, 55 anos, alerta que a manutenção regular dos barcos é necessária para a conservação. "A embarcação tem que ser pensada como um patrimônio. Como uma coisa que pode ser preciso vender e deve estar conservada. Semelhante a um imóvel", explica Gustavo.
Segundo ele, os gastos anuais com a preservação variam entre 7% e 10% do valor total do veículo aquático. O custo na aquisição de um barco é tão variável quanto o preço de carros.
Envolvido com a cultura náutica há 45 anos, o skipper garante que o mar "ensina que nem sempre é possível controlar as situações da vida, e nem é preciso. Basta ter bom senso, paciência e inteligência".