Lobão participou de evento de psiquiatria
O cantor e compositor Lobão disse nesta sexta-feira, 11, que o fato de ser apaixonado pelo seu ofício o fez superar a depressão e recuperar-se após três tentativas de suicídio, a última ocorrida em 1999, quando compôs a canção A Vida é Doce, também em homenagem à esposa Regina.
Lobão chegou ao Salão Íris do Hotel Fiesta ao som de Essa Noite Não, canção em que fala de depressão e suicídio: "A maior expressão da angústia pode ser a depressão, algo que você pressente, indefinível. Mas não tente se matar, pelo menos esta noite não", diz nos versos.
Ele participou de um talk show durante a Jornada Bahia-Sergipe de Psiquiatria, que tem programação até a tarde deste sábado, 12. Respondendo a questões da jornalista Cristina Miranda, o cantor falou também sobre uso de drogas, das vezes em que foi preso, das doenças (teve nefrose na infância e epilepsia já adulto), da difícil vida familiar e do suicídio dos pais: a mãe, em 1983, e o pai, em 2004.
A relação com a mãe ele descreveu como conturbada também por conta da superproteção. "Excesso de amor pode ser assassinato também", disse Lobão. Ele relata ainda que a mãe fazia um certo jogo psicológico, ameaçando matar-se se ele não estivesse próximo. "Foram 16 tentativas de suicídio", revelou.
Lobão acabou tentando o suicídio, repetindo o padrão dos pais, como explicou. E salientou que sua relação com o ofício de músico o ajudou. "A depressão é advinda da falta de contato emocional com o ofício", considera o compositor.
Ele também reclamou da confusão feita entre excentricidade e loucura e apontou qual seria o limiar para a busca de ajuda. "O limiar é quando se perde a noção de proporcionalidade das coisas", comentou.
Campanha
O mês de setembro é escolhido pelo Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) como mês-chave para prevenir os casos de suicídio. Vinte mil pessoas morrem no Brasil em virtude do suicídio. O presidente da ABP, Antônio Geraldo da Silva, disse que 97% das pessoas que se suicidam têm um quadro de doença psiquiátrica.
"É preciso quebrar o estigma, falar sobre isso. É necessário abrir a porta para que as pessoas busquem ajuda. É preciso falar das doenças psiquiátricas, identificar as pessoas doentes e tratá-las, evitando novos casos de suicídio", disse Silva.