Travestis relatam momentos de pânico, na Pituba, após reportagem denunciar a prática de cafetinagem
Uma travesti que trabalha na Avenida Manoel Dias da Silva, na Pituba, entrou em contato com a reportagem nesta sexta-feira, 27, para denunciar que algumas colegas estavam sofrendo retaliação por parte de "cafetinas", que também são travestis. Conforme relato, a represália ocorreu após publicação de reportagem, na última quinta-feira, 26, sobre "cafetinagem" em sete pontos de prostituição de travestis, na capital baiana.
Segundo ela, uma "cafetina" esteve armada na avenida acompanhada por outras travestis à procura das meninas que deram entrevista na noite do dia da publicação da matéria. "Ontem [quinta-feira] na rua, teve um carro com homens armados, tudo a mando delas [cafetinas], para pegar as que saíram na reportagem", informou a travesti, que não se identificou por temer represália.
O relato ainda dá conta de que as colegas precisaram sair às pressas de Salvador. "Elas foram embora porque estão com medo. É um esquema que envolve muita gente, envolve muito dinheiro. Elas não vão perder de ganhar o dinheiro delas", denuncia.
Na mesma noite, homens em um carro preto passaram a madrugada percorrendo diversos pontos de prostituição da Pituba, fazendo questionamentos. "Se apresentaram como policiais. Começaram a fazer um bocado de pergunta. Aí a gente se saiu porque não sabia o que é. Ou se foi alguém que elas mandaram, a gente já fica meio apreensiva", completou a travesti.
Assustada, ela informou que teme por sua vida e a vida das colegas, pois as "cafetinas" agem com muita violência. "Elas vêm na rua cobrar o dinheiro. Quando as bichas (travestis) não pagam, elas descem armadas, batem, mandam até matar. Elas fazem tudo isso", revela.
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