A votação ocorreu em 58 escolas da cidade
Salvador elegeu, neste domingo, 6, 180 conselheiros tutelares, 10 para cada conselho(5 titulares e 5 suplentes). A eleição que ocorreu das 8 às 17h, foi marcada por reclamações dos eleitores. O calor, as longas filas e a falta de informação foram as principais queixas.
337 candidatos foram previamente selecionados para a eleição. Eles fizeram provas eliminatórias com 50 questões objetivas sobre os direitos das crianças e adolescentes e direitos e garantias fundamentais, no dia 8 de Novembro. A posse dos novos conselheiros será em 10 de janeiro de 2016 após passarem por capacitação.
O juiz Mario Soares Caymmi Gomes, da 8ª Vara de Fazenda Pública, havia pedido a suspensão da eleição para o conselho tutelar de Salvador, pois não houve cumprimento de um prazo entre a divulgação da eleição e a audiência. No entanto, no início da noite de sexta-feira (4), o presidente do Tribunal de Justiça (TJ-BA), Eserval Rocha, revogou a decisão do juiz Mario Soares Caymmi Gomes, e autorizou a realização da eleição, segundo informação divulgada pelo site Bahia Notícias.
Os conselhos tutelares são responsáveis por garantir o respeito aos direitos dos menores, previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Os menores que sofrem violência, por exemplo, são atendidos pelos conselhos.
Cada cidade precisa ter ao menos um conselho tutelar com cinco membros, escolhidos pela sociedade para mandatos de quatro anos. Em Salvador, o salário é de R$ 2.285,02 mensais para uma jornada de 40 horas semanais, das 8h às 18h, com dedicação exclusiva.
Para votar, o cidadão deve portar o título de eleitor e documento com foto, estar em dia com a Justiça Eleitoral e ter o domicílio bancário em Salvador.
Nos locais de votação as pessoas foram alocadas nas salas por ordem alfabética. Naiara Souza, 28 anos, administradora, foi orientada por rede social pela sua candidata sobre os documentos necessários. "Aqui no local de votação está uma desorganização. Os fiscais estão colocando as pessoas em filas erradas. Eu, por exemplo, sou letra N, elas me colocaram na fila de A a K, por que eu disse o nome da minha candidata. A ordem alfabética não é do nome do candidato e sim dos eleitores e isso não foi explicado pra gente", afirma ela que votou no Colégio Municipal Thomaz Gonzaga, em Pernambués.
A doméstica Margarida Silva Santos, 50 anos, moradora do final de linha do Pernambués compareceu a votação. "Estou aqui pra ajudar o conselho tutelar e as crianças que os pais não tem condição de manter, principalmente em relação à violência", ressalta.
A servidora municipal Rosália Gonçalves, 52 anos, acredita que é importante votar para mudar a realidade das crianças do bairro de Pernambués. " A população não está consciente e nem ciente de que está acontecendo a eleição", afirmou ela, que foi informada da votação através da igreja que frequenta.
O técnico de manutençãoLevi Protásio, 50 anos, reclamou da desorganização."Na hora que estava votando, a fiscal não sabia que precisava assinar as duas mesárias", exemplifica.
A coordenadora da votação na escola, Daianne Silva, explicou que a votação é muito simples, mas as pessoas não estavam colaborando. Os eleitores votam em cédula de papel e precisam escrever cinco nomes, apelidos ou números dos candidatos.
Na escola Osvaldo Cruz, no Rio Vermelho, muitas pessoas sairam sem votar devido as longas filas e ao calor. O elevador não funcionava e dificultava a acessibilidade dos deficientes fisicos.
O estudante de Direito Cristiano Santos, 41, considera importante a votação para conter a violência contra a criança e o adolescente diante da ausência da família e do poder público, mas reclama da dificuldade de transporte para chegar ao local de votação e da mudança na véspera, de alguns locais, o que deixou as pessoas sem saber onde iriam votar. "A comunidade, ontem, acordou recebendo torpedos, informando a mudança de locais de votação, sem saber um ponto de referência. O cidadão fica desestimulado a votar com esse caos.", disse.
A operadora de telemarketing, Diceli Silva, 26 anos demonstrou sua insatifação. "Aqui está uma bagunça e uma falta de organização. Então eu, minha mãe e meu pai não conseguimos votar e estamos indo embora", disse.
O secretário de Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza (SEMPS), Bruno Reis, que esteve presente na Escola Osvaldo Cruz, no Rio Vermelho, acredita que as filas são formadas devido a demora das pessoas em escrever os nomes nas cédulas de papel. "Foi uma reivindicação dos candidatos que a eleição fosse aberta e isso possibilita, por exemplo, que um candidato de Itapuã possa votar em um candidato da Barra, dai tivemos que usar a cédula de papel", afirma .
Ele informou que os únicos pontos de votação que foram alterados foram 3 escolas no Nordeste de Amaralina e em Santa Cruz, por conta dos incidentes de violência ocorridos durante a semana e da falta de segurança pública. " Aqui neste colégio,por exemplo, estamos realocando para salas maiores e com ventilaores para dar mais conforto à população" disse o secretário.
Segundo ele, o uso de urnas eletrônicas no processo de votação foi tentado junto ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o que inclusive a resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - CONANDA estabelecia, mas por uma questão de recursos humanos e financeiros que seriam necessários do TRE e da prefeitura , não houve a possibilidade. Havia a necessidade de 700 urnas em toda a cidade, já que cada urna comporta 3000 nomes.
A votação ocorreu em 58 escolas da cidade e a expectativa, segundo o secretário, é receber 20.000 pessoas. Cajazeiras, Narandiba, e no entorno da Av Afrânio Peixoto, Suburbana, ficaram disponíveis 5 colégios em cada localidade. Nos demais locais de votação foram 3 unidades para cada localidade.