Prédio terá obra retomada em junho, segundo Gustavo Moris, advogado do dono de 33 dos 36 apartamento
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto de Salvador (MSTS) mantiveram nesta segunda-feira,11, a ocupação de um prédio em construção no Horto Florestal, apesar de seguranças particulares impedirem a entrada de novas pessoas, com alimentos e água, no local.
Pela manhã, cerca de 20 integrantes que ocupam o imóvel desde domingo, 10, tentaram obter os suprimentos, por meio de outras pessoas que fazem parte do MSTS, mas não tiveram êxito. A tentativa deles foi acompanhada pela equipe de reportagem.
Segundo o coordenador do movimento, Jhones Bastos, o prédio foi escolhido a partir de um mapeamento dos imóveis que estariam abandonados na cidade. "Estamos sendo mantidos em cárcere privado. Esse prédio começou a ser construído em 1985 e está até hoje abandonado. Só sairemos daqui quando o governo der uma solução para o problema da gente", afirmou.

Imóvel foi ocupado por 36 famílias, conforme o MSTS
Bloqueio
Ocupantes do prédio ainda disseram que os seguranças particulares relataram ter recebido ordens de policiais militares e do dono do imóvel para bloquear a entrada de alimentos.
Uma viatura da 26ª CIPM com dois PMs ficou estacionada em frente à entrada do local, onde os seguranças realizavam o bloqueio. "Isso não é verdade. A PM não mandou nada. Saiu da nossa boca?", questionou um sargento que estava no local.
De acordo com o advogado Gustavo Moris, um empresário paulista, chamado João Lopes, é proprietário de 33 dos 36 apartamentos do prédio, e a previsão é que a obra seja retomada a partir de junho.
Moris contou que foram contratados seguranças para evitar a entrada de novos integrantes. "Estivemos no local para conversar e dizer que é uma obra inacabada e não abandonada. Só vamos buscar medida judicial se romperem o portão ou houver violência", destacou.
Por meio de nota, a Secretaria de Urbanismo (Sucom) informou que, no domingo, notificou os integrantes do MSTS para que desocupem, em 24 horas, o "imóvel abandonado", localizado no condomínio Jardim Teresópolis. "A ação foi tomada com base na irregularidade da ocupação e na segurança das pessoas que estão no local. Trata-se de ambiente insalubre e inseguro", ressaltou no texto.
Os defensores públicos Alexandra Soares e Alex dos Santos acompanham o caso e disseram que entraram em contato com a Polícia Militar para que os ocupantes do prédio pudessem ter acesso a alimento e água.
No entanto, até o final da tarde desta segunda, integrantes do movimento afirmaram que só conseguiram obter alimentos escondidos em garrafas ou disfarçados como se fosse lixo.
*Colaborou Yuri Pastori