Mulher retira leite para abastecer estoque de banco de aleitamento no Iperba
"Aprendi na dor e na persistência". A frase é da jornalista Rafaela Anunciação, 29, mãe da pequena Liz, de seis meses, mas poderia ser de muitas outras lactantes. Rafaela conta que, quando recém-nascida, Liz mamava de duas em duas horas. Até que ambas se adaptassem e adotassem um ritmo juntas, ela sentiu dores e teve os seios machucados.
"A gente acha que o processo é natural. É só colocar o seio na boca da criança e pronto. Minha mama sangrava, ficava muito machucada. É muito doloroso, mas eu não quis desistir. É algo que eu gosto de fazer, porque considero a amamentação algo ímpar", descreveu.
Para estimular a amamentação, uma série de atividades educativas serão realizadas até o próximo domingo. As ações integram a Semana Mundial de Aleitamento Materno, que, este ano, associa a prática como base para o desenvolvimento sustentável do planeta.
Com o tema Aleitamento materno: presente saudável, futuro sustentável, as ações são fruto da parceria entre a Sociedade Baiana de Pediatra (Sobape), o Comitê de Aleitamento Materno de Salvador (Coamas) e o Instituto de Perinatalogia da Bahia.
Nesta terça-feira, 2, das 8h às 12h, uma palestra sobre o tema da campanha será apresentada para os funcionários da maternidade Professor José Maria de Magalhães Netto, no Pau Miúdo. O encerramento ocorre no sábado, 6, com café da manhã, às 8h, e caminhada do Jardim de Alah até o antigo Aeroclube.
Saudável
No caso de Rafaela, mesmo já não estando em licença maternidade, ela segue a alimentar a filha com leite materno. "Agora que eu precisei voltar para o trabalho, ela continua tomando leite materno, ordenhado por mim mesma", pontuou.
"Uma criança que recebe o leite materno, com certeza será um adulto saudável. O aleitamento consegue estar presente em todos os compromissos para atingir o desenvolvimento sustentável", disse a presidente da Sobape, Dolores Fernandez.
No fortalecimento da prática, a presidente do Coamas, Tereza Paim, acredita que duas metas devem ser cumpridas. "Além do desafio de dar apoio e promover a amamentação de forma mais ampla, é necessária a implantação de banco de leite na maternidade Professor José Maria de Magalhães Netto e na do Hospital Roberto Santos". Atualmente, as unidades funcionam no Iperba e na Climério de Oliveira.
A psicóloga, assessora de amamentação e doula do grupo A Mama - Assessoria em Amamentação, Tarsila Leão, concorda. "O Brasil não é um país que incentiva a cultura da amamentação. A OMS [Organização Mundial de Saúde], por exemplo, recomenda o aleitamento exclusivo até os seis meses. O leite materno é importante para o bebê, pois traz diversos benefícios", pontua Tarsila.
Além do desenvolvimento físico, o aleitamento contribui para a evolução emocional e estabelece o vínculo com a mãe. E os benefícios não se esgotam no bebê. "As mães, quando amamentam, têm menos risco de hemorragia e depressão depois do parto, anemia, câncer de mama e ovário, diabetes e artrite reumatoide", explicou a pediatra.
O grupo A Mama auxilia grávidas por meio de assessoria particular, em suas residências. Além disso, a equipe realiza palestras gratuitas e quinzenais, para orientar mulheres. As rodas de conversa são sempre na Escola Casa da Infância, Itaigara. "Os temas são diversificados, mas sempre ligados à amamentação. Abordamos desde questões nutricionais à higiene bucal e da mama", explica Tarsila.