Com medo, familiares não deixaram a imprensa entrar no local do enterro
Os corpos dos irmãos gêmeos Cézar Silvio Carvalho Santos e Silvio Cézar Carvalho Santos, 45 anos, foram sepultados na tarde desta quinta-feira, 18, no Cemitério Municipal de Itapuã, sob um clima de comoção, revolta e medo. Com olhares assustados e desconfiados, cerca de 150 pessoas, entre familiares e amigos acompanharam a cerimônia.
"A gente não tem o que fazer nesta situação. É orar por Deus e esperar o que vai acontecer", analisou um parente dos gêmeos. Conforme ele, as mortes dos irmãos poderiam ter sido evitadas, caso eles e o restante da família tivessem sido incluídos em algum programa de proteção, quando solicitado em 2014.
O rapaz afirmou que, logo após Nilda Maria Fiuza, 52, David Soares Santos, 19, e Uanderfon Alves dos Santos, 23, terem sido mortos em agosto de 2014, alguns membros da família foram à 37ª Delegacia de São Sebastião do Passé e na 22ª Delegacia de Simões Filho e pediram proteção. Contudo não obtiveram resposta.
À época dos crimes, as delegadas Joana Angélica dos Santos e Ana Lúcia Gonçalves, São Sebastião do Passé e Simões Filho, respectivamente, conduziram as investigações.
"Secretaria de Segurança Pública [SSP/ BA] cadê seus delegados? Simões Filho, São Sebastião, Dias D'Ávila? A Secretaria de Segurança Pública não deu notícias, não deu segurança. Tanto que não deu, que aconteceu isso com eles", desabafou o homem, alegando que a polícia agiu com negligência.
A assessoria da SSP/ BA informou que o órgão não recebeu nenhuma solicitação de proteção por parte da família. No entanto, vai apurar.
A delegada Joana Angélica dos Santos foi procurada pela reportagem e afirmou não ter recebido nenhum pedido de proteção. Ela revelou que as investigações sobre as mortes de Nilda, David e Uanderfon não foram concluídas ainda por conta da dificuldade de colher provas. "Foi um crime praticado por ciganos, as testemunhas têm medo. Mas já existem pedidos de prisão temporária para alguns suspeitos", declarou ela.
A delegada Ana Lúcia Gonçalves não foi localizada. A delegada Andréa Ribeiro, coordenadora da 1ª Delegacia de Homicídios (DH/ Atlântico) do Departamento de Homicídios (DHPP), disse que as investigações sobre as mortes dos gêmeos podem realmente ter ligação com os crimes ocorridos em 2014.
Entretanto, afirmou que precisa analisar os procedimentos feitos nas delegacias de São Sebastião do Passé, de Simões Filho e Dias D'Ávila para confrontar as informações. Com relação a proteção da família, ela falou que eles têm precisam manifestar o interesse de inclusão em algum programa de proteção.