Condutores parceiros do aplicativo protestaram contra insegurança, semana passada, após caso em Sto. Inácio
A opção de cobrança em dinheiro no aplicativo Uber, que está em prática em Salvador e em outras capitais do Nordeste desde o dia 11 de julho, tem sido criticada pelos motoristas da plataforma, que temem pela segurança durante as corridas.
Vários deles ouvidos por A TARDE afirmam que sentem medo de aceitar corridas durante a madrugada.
O motorista Wan César Santana, 27, por exemplo, foi assaltado há cerca de um mês no bairro Santa Mônica ao deixar uma passageira.
Segundo o motorista, dois bandidos, que estavam em uma motocicleta, levaram os R$ 250 que havia acumulado com as corridas feitas durante o dia.
Na ocasião, ainda conforme relato feito pelo profissional, um dos criminosos foi baleado por um policial à paisana que passava pelo local e morreu. Já o comparsa fugiu na moto.
César disse que, atualmente, evita aceitar corridas para bairros considerados perigosos por ele.
“Nordeste de Amaralina, IAPI, Liberdade, Retiro, Fazenda Grande, São Caetano”, lista ele, que acha que a opção de cobrança em dinheiro vivo é “muita exposição” para os motoristas parceiros do aplicativo.
Segundo o registro da Polícia Civil, Wan César Santana “não admitiu ser motorista do Uber” quando foi ouvido após o incidente.
No depoimento, conforme a versão policial, ele informou que “dava carona a uma amiga” quando o veículo foi abordado por dois homens em uma moto.
“Uma pessoa não identificada atirou contra os bandidos, matando um deles.
O outro assaltante fugiu na motocicleta”, confirmou, por meio de nota, a assessoria de comunicação da polícia.
No comunicado, o órgão policial ainda reiterou que “não existem dados estatísticos sobre assalto ao Uber em Salvador”.
A possibilidade desses casos, entretanto, tem deixado em alerta motoristas da plataforma na capital baiana.
No “zap”
Reunidos no aplicativo de mensagem instantânea WhatsApp, eles estão se articulando para cobrar à direção do Uber mudanças no cadastro de clientes. Algo parecido já foi feito na última semana, quando cerca de 100 condutores do aplicativo protestaram em frente ao escritório da empresa, na avenida Magalhães Neto, após um suposto motorista Uber ser agredido no bairro de Santo Inácio.
“Eles podiam cobrar um comprovante de residência, CPF, qualquer coisa que identifique o passageiro”, opina o motorista Gilvan Mota, 30, um dos participantes do grupo. Segundo ele, uma das estratégias usadas atualmente é “evitar alguns lugares, por preocupação”.
“Infelizmente, temos que julgar o cliente pela aparência e pelo local onde ele mora”, diz Gilvan. “Sempre tento ver se o cliente tem cara de suspeito”, admite.
Resposta
Contatada pela equipe de reportagem, a assessoria de comunicação da direção do Uber defendeu que “ao oferecer pagamentos em dinheiro, a plataforma busca tornar-se cada vez mais democrática e inclusiva, permitindo que ainda mais brasileiros utilizem os serviços dos motoristas parceiros”.
Ainda conforme o comunicado enviado pelo aplicativo ao A TARDE, “o Uber trabalha junto às autoridades para ajudar a esclarecer qualquer tipo de incidente em sua plataforma, dentro dos termos da lei”.