Henrique Almeida* | Fotos: Margarida Neide | Ag. A TARDE
Quase um ano após A TARDE mostrar situações de risco nas redes de fiação, pouca coisa mudou
Basta um passeio por alguns pontos da cidade de Salvador para facilmente perceber os emaranhados de fios que tomam conta dos postes e ruas da capital. Alguns, folgados e energizados, oferecem risco à população. Outros estão ali dividindo espaço com casas e estabelecimentos, seja fazendo parte da "decoração" das fachadas, seja limitando a abertura das janelas nas sacadas das casas.
Quase um ano após A TARDE mostrar a situação em várias áreas de Salvador, pouco mudou. Novamente, a equipe de reportagem passou por alguns pontos da cidade. No Campo da Pólvora, próximo ao Centro de Saúde, os fios estão a uma altura tão baixa que as pessoas precisam vencer o obstáculo. A situação fica defronte ao estabelecimento de Jackson Costa, 45 anos.
"Rapaz, esse fio está aí há uns três meses. Eu sei que aí é fio de telefone, mas há pessoas que não sabem e ficam com medo de passar perto. Quando chove é um problema, pessoas engancham o guarda-chuva no fio, é um problema. Uma empresa de telefonia vem aí faz uma coisa. Vem outra, faz de outro modo, e o emaranhado de fios continua aí", diz Costa.
Próximo dali, no Tororó, a situação se repete. Na Av. Joana Angélica, a quantidade de fios misturados também chama a atenção. "Ninguém resolve isso. No centro de Salvador, uma situação como essa... É ridículo. Estraga a estética da cidade. Sem contar as pessoas que, com medo dos fios, precisam ficar se esquivando", brada o comerciante Alfredo Silva, 74.
Segundo a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), os postes de responsabilidade da prefeitura estão em grandes avenidas e possuem cabos subterrâneos. A Companhia de Energia Elétrica da Bahia (Coelba) informou que cada empresa é responsável pela fiscalização e manutenção da rede que lhe pertence. Ainda acrescenta que, durante a fiscalização, operação e manutenção da rede elétrica, caso seja identificada irregularidade nas redes de telecomunicações, a Coelba notifica a empresa responsável para que faça a manutenção.
"Nos casos de empresas que não possuem contratos firmados com a concessionária, classificadas como clandestinas, cabos e equipamentos são removidos. Quando é identificada situação que envolva a segurança, a Coelba elimina a situação de risco, independentemente de contrato, para garantir a segurança da população e dos profissionais de todas as empresas que acessam os postes da Coelba".
Em bairros como Brotas e São Marcos a situação continua. "O incrível é que ninguém faz nada para resolver a situação. Nesse bolo de fios aí, quem vai saber o que é energizado e o que não é? Vai que tem um fio cortado. Muito feio para a cidade", critica Simone Santos, 40.
No Campo da Pólvora, excesso de fios preocupa moradores e pedestres
Em nota, a TIM informou que segue rigorosamente os padrões e normas técnicas de compartilhamento de uso mútuo de postes e manutenção de cabos em postes de energia. "A operadora realiza rondas periódicas e manutenções preventivas que visam evitar falhas na rede", diz a operadora.
A operadora Oi informou que uma equipe técnica foi acionada para reordenar os fios sob responsabilidade da empresa instalados no local mencionado pela reportagem o mais brevemente possível. "A empresa acrescenta que realiza regularmente a manutenção de sua rede telefônica e recebe solicitações de reparo realizadas por consumidores e entidades públicas pelo canal de atendimento 103 31", diz em nota.
A Claro, também em nota, diz que obedece a rígidos padrões de segurança na operação da rede e possui rotina de manutenção e adequação do cabeamento nas ruas da cidade. Informa ainda que segue os padrões técnicos da concessionária de energia elétrica, responsável pelo aluguel dos postes, e está sempre à disposição da comunidade. A TARDE entrou em contato com a Vivo, mas até o final desta edição não obteve retorno.
*Sob a supervisão da jornalista Rita Conrado