Instituído em 1992, pela Federação Mundial de Saúde Mental, o Dia Mundial da Saúde Mental é comemorado nesta quarta-feira, 10, como uma alerta sobre a importância do cuidado psicológico.
Pesquisa feita pelo Ministério da Saúde mostra que cerca de 20% da população lida com algum transtorno psiquiátrico, desde insônia a quadros graves. O Brasil ocupa o posto de campeão mundial em diagnóstico de transtorno de ansiedade, o que inclui também outros transtornos decorrentes da ansiedade, como transtorno do pânico e transtorno obsessivo compulsivo.
Os transtornos de ansiedade estão cada vez mais presentes e quadros de ansiedade podem ser identificados em disfunções no rendimento de trabalho, insônia, conflitos com pessoas próximas, aumento excessivo de preocupação, tristeza constante, falta de perspectiva e vontade de viver, entre outros sintomas.
Nesta quarta, o psicólogo e especialista em Mindfulness, Eli Samuel, em workshop gratuito, a partir das 9h no Centro de Convivência Irmã Dulce dos Pobres, explica como a prática da Atenção Plena pode auxiliar as pessoas a não se anteciparem em preocupações futuras.
O entendimento sobre as doenças mentais mudou com passar dos anos, novas patologias surgiram e o número de pessoas afetadas por algum transtorno psíquico cresceu. A cultura em torno dos processos e cuidados psíquicos passou por uma mudança com a Lei nº 10.216 de 6 de abril de 2001, que trouxe um modelo de atenção à saúde mental inclusivo e de base comunitária, o qual garante a livre circulação das pessoas com transtornos mentais pelos serviços, comunidade e cidade.
Para o presidente da Associação Psiquiátrica da Bahia, Dr. André Brasil, antes havia maior investimento em hospitais psiquiátricos. “Isso mudou com a entrada dos CAPS na atenção psicosocial, que busca uma assistência mais próxima a comunidade, o que evita o internamento. Apesar deter muito no que avançar, a rede de atendimento foi um ganho humanitário", diz.
Nesse contexto atual, os profissionais de saúde têm buscado informar e desconstruir estigmas em torno das doenças advindas da mente. "Os pacientes muitas vezes relutam em buscar ajuda psiquiátrica e psicológica, com medo de ser considerado 'louco,' mas hoje temos uma perspectiva de bons tratamentos médicos sem que o paciente tenha sintomas de efeitos colaterais. O medo do paciente de ir no consultório e sair sedado não existe mais," explica Brasil.
Em se tratando de estados subjetivos da mente, é importante que a, qualquer sintoma constante, a pessoa busque uma opinião médica. Devido ao preconceito associado a esses transtornos mentais, as pessoas demoram a buscar ajuda, o que pode agravar o quadro, muitas vezes ficando fora do mercado de trabalho e da vida social. Para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), as doenças psíquicas hoje são as maiores causas de retirada do trabalhador no mercado de trabalho.
Prevenção e cuidados
Estratégias como meditação e yoga tem ganhado força entre os brasileiros, para reduzir o estresse extremo e a ansiedade. O Midfulness é um estado psicológico, no qual o praticante se esforça para estar atento ao presente de forma intencional sem julgar essa experiência. Dessa forma, pensamentos, sensações corporais e emoções são processadas no momento que eles ocorrem, sem que a pessoa reaja de maneira automática ou habitual.
Em estado de estresse agudo, palpitação, confusão e/ou falta de ar, o especialista diz que uma dica interessante é direcionar a atenção para a respiração. “A respiração pode te colocar no momento presente. É importante que se faça isso sem julgamento sobre os pensamentos que possam vir", explica Samuel.
Segundo o psicólogo, a prática pode melhorar a qualidade de vida de qualquer pessoa, com aumento de memória e concentração. É bem vinda também, para complementar o tratamento de pessoas que tenham problemas crônicos, como diabetes e hipertensão, apesar de ser contra indicada para pessoas em crise de qualquer transtorno psiquiátrico. “É preciso sair da fase aguda da crise para utilizar essa prática”, diz.
*Sob a supervisão da jornalista Rita Conrado