O prefeito Bruno Reis viaja a Brasília na próxima semana / Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE
Com um baixo estoque de vacinas contra a Covid-19, o prefeito de Salvador, Bruno Reis, voltou a cobrar do governo federal um novo lote de imunizantes para avançar no processo de vacinação na capital baiana. Ele também anunciou que, "depois de muitos esforços" do Município, dará prosseguimento à vacinação para idosos na segunda-feira, 15, com a imunização de pessoas a partir dos 84 anos. Ontem, foram imunizadas pessoas a partir de 85 anos. Não haverá vacinação no final de semana.
A vacinação também continua suspensa para outros públicos, como trabalhadores da Saúde. Devido à falta de vacinas, a prefeitura avaliará diariamente a possibilidade de imunização de novas faixas etárias nos próximos dias.
"Estamos preparados para vacinar todo grupo prioritário, no entanto, dependemos do envio de novas doses pelo governo federal para dar prosseguimento à vacinação", escreveu o chefe do Palácio Thomé de Souza, no Twitter.
O prefeito de Salvador também anunciou à imprensa que viajará a Brasília na próxima semana para negociar com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a liberação para compra de vacinas por gestões municipais.
Bruno disse que parte de orçamento da capital já foi reservado para a compra direta desde a gestão do seu antecessor, ACM Neto, e uma eventual liberação pelo ministério possibilitaria o avanço no plano de imunização. “Salvador tem a possibilidade de comprar 300 mil doses de vacina de forma direta e está com todos os trâmites já prontos para a importação. A questão é que o governo federal insiste na tese de imunizar 50% da população e, só após isso, destravar a compra direta das vacinas. Iremos tentar rever isto”, disse o prefeito.
O secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas, prevê que um novo carregamento de vacinas só deve chegar à Bahia no dia 23 de fevereiro. Também a partir deste dia, o Instituto Butantan começará a disponibilizar 600 mil doses diárias da Coronavac para o Programa Nacional de Imunizações, informou o diretor da instituição, Dimas Covas. O Ministério da Saúde ainda não confirmou a data do envio de novas doses aos estados.
A expectativa do prefeito é por 36 mil novas doses para a capital, no entanto o gestor evitou confirmar o quantitativo. “Já batemos 110 mil vacinados e utilizamos praticamente todas as doses que foram disponibilizadas pelo governo federal. Apelamos, inclusive, para que mandem mais. Quando forem enviadas, saberemos melhor o quantitativo que virá para cá, já que eles anunciam uma coisa e na prática é totalmente diferente”, explicou.
Já a aplicação da segunda dose da vacina será iniciada na terça-feira, 16, em Salvador, segundo o prefeito. “Mesmo aplicando a segunda dose, é preciso de 30 a 60 dias para que o imunizante proteja o indivíduo, ainda temos muito tempo pela frente. Agradeço a população que até aqui entendeu que não dá para ter grandes festas na nossa cidade”, declarou.
Os municípios baianos já estão autorizados, se assim o quiserem, a iniciar a aplicação da segunda dose na segunda-feira, informou a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab). Assim como ocorreu na primeira etapa, o processo será iniciado pelos profissionais da Saúde que trabalham na linha de frente no combate à Covid-19, idosos abrigados com mais de 60 anos e indígenas aldeados.
De acordo com o sistema de acompanhamento da cobertura vacinal, 61% dos municípios baianos já utilizaram 100% das doses referentes à primeira aplicação. São mais de 366 mil pessoas vacinadas na Bahia, o que corresponde a 83% das unidades relativas à primeira dose.
Embora diversas cidades do país tenham interrompido ou reorganizado a vacinação por insuficiência de doses, Pazuello afirmou na última quinta-feira, 11, no Senado, que prevê imunizar toda a população brasileira até o final do ano.
Perguntado sobre a declaração do ministro, o diretor do Butantan disse não estar claro de onde virão todas as vacinas necessárias para alcançar essa meta. "Para obter a chamada imunidade de rebanho, teríamos que ter 340 milhões de doses. Nesse momento, esse quantitativo, embora numericamente possa já estar contratado, ainda não existe de fato, não existe de forma efetiva", declarou Covas.
No último sábado, 6, a Fiocruz recebeu o primeiro lote do insumo para produção da vacina de Oxford/AstraZeneca, suficiente para fabricar 2,8 milhões de doses. Nesta sexta-feira, 12, a Fiocruz envasou o primeiro lote de testes do imunizante. A meta é produzir, até julho, 100,4 milhões de doses da vacina. A estimativa é de que o primeiro milhão de doses seja entregue entre os dias 15 e 19 de março.