Marco Prisco (de branco) também comandou greve em 2012
Em ação da Polícia Federal na tarde desta sexta-feira, 18, o vereador e diretor-geral da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares no Estado da Bahia (Aspra), Marco Prisco, foi detido e levado para o Complexo Penitenciário da Papuda (Brasília).
O pedido da prisão foi feito pelo Ministério Público Federal na Bahia (MPF/BA), na última segunda-feira e concedido pela Justiça Federal no dia seguinte, quando a greve foi decretada, com o argumento de garantia da ordem pública. A determinação do juiz federal da 17ª Vara Criminal Antônio Oswaldo Scarpa é de prisão por 90 dias.
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O veículo guiado pelo vereador foi interceptado na Linha Verde, próximo da Costa do Sauípe, onde ele, a esposa e os filhos passariam o feriado da Semana Santa.
Segundo nota divulgada pelo MPF/BA, a prisão é referente a ação penal movida em 2013 pela prática de crimes "a maioria contra a segurança nacional, praticados durante a greve realizada em 2012". A ação envolve sete pessoas entre vereadores, soldados e cabos da PM.
Nova greve
"Há uma determinação federal para anistiar os líderes de 2012 que não foi acatada pelo Tribunal de Justiça da Bahia", disse o deputado estadual Capitão Tadeu que, por moção de repúdio, assumiu a liderança do movimento grevista e conclamou os militares para nova paralisação.
"Não há como retomar a greve agora, pois depende de assembleia. Mas faremos manifestações. Foi um golpe baixo. Prisão de uma liderança depois que a greve termina é repressão", disse o diretor da Associação dos Policiais do Estado da Bahia (Aspol), sargento José Lourenço Dias. Os dirigentes das demais associações não foram localizados.

Após o consenso entre as partes, o deputado estadual Zé Neto (PT) afirmou que a prisão de Prisco não faz sentido. "Fui pego de surpresa. Soube pela imprensa. A prisão é inoportuna, pois não havia mais risco. A cidade já estava em clima de normalidade. O governo irá cumprir o acordo e se esforçar para manter a tranquilidade".
Diante do acordo, Capitão Tadeu acusa o governo de traição. "A permanência das tropas federais deve ser garantida, pois a greve voltou. Os policiais devem permanecer aquartelados até a libertação de Prisco. O governo agiu de má-fé, descumpriu o acordo e enganou a tropa. O pedido de prisão deveria ter sido revogado", disse Capitão Tadeu.
Lei e Ordem
"Em nota, o comandante da PM, coronel Alfredo Castro orienta que oficiais e praças mantenham seus postos de trabalho. "Capitão Tadeu foi precipitado. Confio no compromisso dos policiais militares de manter a segurança pública. Não há processo administrativo em andamento na PM. A garantia da Lei e Ordem está em vigor com as tropas federais e teremos também a Polícia Militar".
Para impetrar um pedido de habeas corpus, o advogado Vivaldo Amaral, responsável pela defesa de Prisco, segue para Brasília. "É uma decisão descabida e sem sentido já que um acordo foi firmado".
A nota do MPF/BA diz que Prisco é processado por crime político grave e o recurso contra sua prisão só poderá ser ajuizado no Supremo Tribunal Federal.
Por meio de nota, o prefeito ACM Neto cancelou viagem "em função dos últimos acontecimentos envolvendo a possibilidade de retomada da paralisação da PM para acompanhar os desdobramentos e garantir a manutenção dos serviços públicos".