Ao final de um dia de caos nos principais aeroportos do país, o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Brigadeiro Luís Carlos Bueno, anunciou na noite de terça-feira o restabelecimento das comunicações no centro de controle aéreo Cindacta 1.
Segundo o comandante, os técnicos da FAB conseguiram recuperar um equipamento de transmissão e recepção que, pela primeira vez, apresentou problemas de funcionamento.
A falha de comunicação chegou a provocar, às 19h30, o cancelamento de todas as decolagens nos aeroportos de Congonhas, em São Paulo; Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte; e Brasília.
"Os vôos estão sendo restabelecidos de acordo com a ordem de prioridade estabelecida pelas companhias aéreas", disse Bueno a jornalistas no Palácio do Planalto, depois de uma reunião de emergência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o ministro da Defesa, Waldir Pires, que também participou da reunião, Lula determinou a compra imediata de pelo menos um equipamento semelhante ao que apresentou problemas para ser instalado e funcionar como alternativa na região de São Paulo.
"O presidente deu instruções peremptórias para que os vôos fossem restaurados em Brasília imediatamente e determinou a compra de equipamentos de forma a não permitir, jamais, que isso se repita", disse o ministro.
Segundo o comandante da Aeronáutica, os passageiros que tiveram seus vôos cancelados devem se informar nas companhias sobre os novos horários, pois os vôos acumulados terão de ser retomados paulatinamente.
Passageiros de todo o Brasil vêm enfrentando atrasos nos aeroportos de todo o país desde outubro, quando os controladores de vôo do Cindacta 1 decidiram parar de operar com um número de aeronaves superior ao recomendado.
A decisão foi consequência do acidente entre um Boeing da Gol e um jato Legacy, fabricado pela Embraer e de propriedade da empresa norte-americana de fretamento ExcelAire.
Após a colisão entre as duas aeronaves, o avião da Gol caiu no norte de Mato Grosso matando todas as 154 pessoas a bordo. O Legacy conseguiu pousar com segurança numa base aérea do Pará. Foi o pior acidente da história da aviação brasileira.
Depois da tragédia, controladores chegaram a denunciar a existência de "buracos negros" no espaço aéreo brasileiro, o que foi negado por autoridades da Aeronáutica e do Ministério da Defesa.