Brasília: sotaques de vários Brasis

Qua , 30/04/2008 às 23:06 | Atualizado em: 30/04/2008 às 23:18

Brasília: sotaques de vários Brasis

Bernardo de Menezes, do A Tarde

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Brasil

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Desde que foi anunciada a criação da nova capital brasileira, na década e 1950, a região ocupada pelo Distrito Federal virou um pólo de atração para brasileiros vindos dos mais diferentes lugares. Todos em busca de novas oportunidades de trabalho, o que gerou um enorme fluxo de migrantes para o Planalto Central. Os trabalhadores da construção civil que para lá acorreram passaram a ser conhecidos como candangos.

Eram eles os pioneiros, que tornaram realidade o desafio de construir a nova capital em menos de três anos. Já neste período, começaram a se formar os primeiros núcleos habitacionais em torno do Plano Piloto, para abrigar os candangos e seus familiares, que chegaram depois.

TRANSFERIDOS – Uma vez transformada em centro administrativo do País, Brasília continuou a atrair migrantes, trabalhadores em geral, prestadores de serviços, comerciantes e profissionais liberais de todo tipo. Muitos deles, transferidos do Rio de Janeiro, a antiga capital federal, que chegaram como funcionários públicos. Além dos funcionários das representações diplomáticas estrangeiras.

A cidade “inventada” por Lúcio Costa, com sotaques de diversos “Brasis” foi o lugar escolhido pelo angolano Vitor Pontes, 60 anos, para viver desde 1992. Ex-refugiado político na Bélgica, viveu cinco anos na Europa e ainda se diz abalado com o massacre das tribos angolanas por causa da feroz guerra civil que maltratou seu país de 1975 a meados da primeira década de 2000. Amante da forma primitiva de viver, Pontes abriu um restaurante em Brasília que homenageia a cultura indígena. Tem o formato de uma aldeia estilizada e nome de Oca da Tribo.

COMIDA – “Queria mostrar algo de índio e, no fim das contas, a arte indígena tem a ver com a africana” – observou o comerciante, que capricha em cada detalhe da decoração e também da comida, com elementos exóticos, a exemplo de javali e avestruz, típicos do cardápio africano. “As embaixadas trazem muitos estrangeiros para cá” – observa. Entre os freqüentadores, brasileiros, o vice-governador do Distrito Federal, Paulo Octavio, que não escondia a “vocação política” ao exibir na camiseta a frase “Orgulho de ser candango”. Uma homenagem aos operários de várias partes do Brasil que acorreram ao Planalto Central na década da 1950.

Eram tempos difíceis, como observou Paulo Octavio ao lembrar, inclusive, as mais de 100 viagens de avião (muitas feitas à noite) que o então presidente da República, Juscelino Kubitischek, fez para lá durante o que chamou de “epopéia” da construção da capital federal. Estas e outras informações foram prestadas pelo vice-governador aos jornalistas convidados para as comemorações dos 48 anos de Brasília, no dia 21 de abril, marcadas por uma grande festa no chamado Eixo Monumental, o coração político da capital federal e principal ponto do chamado turismo cívico. Por falar em turismo, Octavio lembrou que a cidade tem mais de 25 mil leitos hoteleiros e aposta todas as suas fichas neste segmento.

EMPRESAS INTERESSADAS – “Muitas empresas estão transferindo suas sedes para Brasília por causa da segurança” – acrescentou Paulo Octavio, informando ser o aeroporto da capital federal o terceiro mais movimentado do País (atrás somente de Guarulhos e Congonhas, ambos em São Paulo). A disposição é a de instalar no Aeroporto Presidente Juscelino Kubitschek mais sete fingers (acesso móvel de embarque e desembarque das aeronaves).

Por fim, o político adiantou que Oscar Niemeyer (com 100 anos de idade, completados em dezembro) deverá ser o autor do logotipo do tão esperado cinqüentenário da cidade que ajudou a construir, além de autor do projeto de uma segunda Torre de TV, desta vez com sinal digital, a ser instalada em Sobradinho.

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