O Galo da Madrugada volta a cantar na área central do Recife hoje, determinando os bairros de Santo Antonio e São José como seu e exclusivo território. Dono absoluto da festa na manhã de sábado do carnaval pernambucano, o maior bloco do planeta - de acordo com Livro dos Recordes - começa a tomar conta de um percurso de cinco quilômetros às 9 horas, numa maratona que deve se estender até o início da noite.
Na Ponte Duarte Coelho, uma alegoria gigante do galo, com 27 metros de altura, armada na tarde de ontem, funciona como referência do reinado provisório do bloco. A expectativa da direção da agremiação no seu 34º desfile é a de bater o próprio recorde, levando 1,6 milhão de pessoas à rua, ao frevo, ao calor e ao empurra-empurra atrás dos 26 trios elétricos, onde orquestras de frevo e artistas predominantemente regionais irão animar a folia. Uma minoria assiste ao desfile em camarotes, com conforto e mordomia.
Daniela Mercury, Fafá de Belém e Maria Gadu são algumas das "estrangeiras" que irão se unir aos maestros Forró e Spock, Gustavo Travassos, Nena Queiroga e Adriana BB, entre outros artistas, na tarefa de não permitir que os foliões esmoreçam.
Fundado em 1978 pelo carnavalesco Enéas Freire, já falecido, o Galo arrastou 75 pessoas quando ganhou as ruas pela primeira vez, às cinco horas da manhã. Numa época em que as festas de clubes sociais dominavam o carnaval, a ideia era reviver os antigos carnavais populares, que tinham no povo sua maior expressão. Saiu cedo para permitir que quem trabalhasse no comércio pudesse participar.
O crescimento veloz o transformou, mas o bloco luta para manter suas referências. O frevo é uma delas. Daí a homenagem a compositores de frevos que marcam a história e cultura pernambucanas: Antonio Maria, Luiz Bandeira, Nélson Ferreira, João Santiago, Capiba, J. Michiles, Getúlio Cavalcanti, Matias da Rocha, Duda, Zé Menezes e Edgar Moraes.
Além de um dos homenageados, Luiz Bandeira dá o tema deste ano com o seu frevo "Voltei Recife", escolhido pelo bloco para reverenciar os pernambucanos que moram distante e voltam à terra para brincar o carnaval. "Voltei Recife, foi a saudade que me trouxe pelo braço...", diz a música, que todos sabem cantar.
No seu início, o roteiro da agremiação era bem mais curto e se centrava na Rua da Concórdia. Estreita, este ano a Concórdia foi cortada do percurso. Para manter a tradição, a rua terá orquestras de frevo no chão e participação de agremiações. Promete funcionar como um baile de rua também na segunda e terça-feira.