Um ano e 48 dias depois do temporal que arrasou Angra dos Reis (RJ) e deixou 52 mortos e 1.200 desabrigados, o governo do Estado do Rio entregou hoje os primeiros 140 apartamentos para as famílias que perderam suas casas. Outros 660 ainda estão sendo construídos. A entrega dos imóveis ocorre no momento em que o Estado precisa mobilizar esforços para tragédia ainda maior, na Região Serrana. Até agora foram contabilizados 905 mortos e a previsão é de que serão erguidas 8 mil casas para atender a população de Friburgo, Teresópolis e outras cidades atingidas.
"Houve descaso. Esperamos muito. O que aconteceu mudou irremediavelmente a nossa vida e tudo o que queremos é voltar à normalidade. A maioria das pessoas tinha escritura da terra, pagava IPTU, e agora tem de se contentar com apartamento de 46 metros quadrados", queixou-se o presidente da Associação de Moradores Atingidos pela Tragédia de Angra (Amata), Bruno Marques.
Os desabrigados recebem aluguel social de R$ 510 desde os deslizamentos, mas o pagamento do benefício acabou por inflacionar o mercado imobiliário. "Antes, por R$ 500 se alugava uma boa casa. Quando os desabrigados começaram a receber aluguel social, o quitinete foi tabelado em R$ 510. O pessoal cresceu o olho. Para muita família será um alívio deixar de complementar o aluguel".
O subsecretário de Obras, Hudson Braga, esclareceu que o governo federal liberou a verba de R$ 800 milhões para recuperação de encostas e construção dos imóveis dois meses depois do acidente. O que provocou a demora foi a dificuldade de se encontrar terrenos. Também foi necessário enfrentar a resistência dos donos das terras à desapropriação, conseguida na Justiça.