Uma comissão parlamentar que investigou o comércio de armas no Brasil alertou em um relatório divulgado hoje sobre o tráfico de munição e de armamento leve nas fronteiras do país com a Colômbia e com a Venezuela.
O relatório é fruto de quase um ano de investigações e conclui que o tráfico de armas na Amazônia serve para abastecer grupos ilegais, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e grupos paramilitares que operam na região.
O estudo foi apresentado à comissão na última terça à noite e foi divulgado hoje, mas ainda terá que ser discutido e votado pelos membros da comissão em uma reunião prevista para semana que vem.
Segundo o documento, as Farc trocam armas e munições por cocaína, no caso do Brasil, e em alguns casos por ouro, sobretudo nos limites entre Colômbia e Venezuela.
Nas fronteiras do sul do Brasil, o relatório indica que a maior preocupação está nos limites com o Paraguai, nos quais quadrilhas de traficantes de armas ligados ao comércio de drogas e outros crimes também operam.
No caso do Paraguai, o relatório aponta para a existência de grupos de contrabandistas no país que atuam obtendo armas de origem brasileira exportadas legalmente e que voltam para o país de forma ilegal.
Também afirma que "muitas vezes" o Paraguai serve como ponte para a entrada de armas provenientes da Argentina no Brasil, especialmente granadas de uso militar.
A comissão sustenta, além disso, que existem 17 milhões de armas no Brasil, das quais "pelo menos" a metade não foi devidamente registrada.
Também afirma que cerca de quatro milhões de armas estão nas mãos do crime organizado, que em algumas cidades do país, como São Paulo, desenvolveu estruturas de poder tão ou mais fortes que as do próprio Estado.
Caso seja aprovado na próxima semana, o relatório parlamentar será entregue ao Governo e às autoridades judiciais, junto com uma série de recomendações para tentar combater o tráfico de armas nos quase 15.000 quilômetros de fronteira terrestre do Brasil.