O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, disse nesta sexta-feira que a polícia vai continuar agindo e não vai se intimidar com os assassinatos de 12 policiais em oito dias.
O secretário acredita que nem todas essas mortes foram uma resposta do tráfico a ações policiais. "Muitas dessas mortes não foram por ações específicas dos traficantes contra os policiais, não foi uma retaliação, não afirmo que seja uma retaliação do tráfico ...", disse o secretário.
"Vamos continuar buscando os focos de violência e os traficantes de drogas", acrescentou.
Segundo Beltrame, o número "significativo" de policiais mortos se deve também a estratégia da Secretaria de Segurança Pública de aumentar a 300 o número de integrantes das polícias nas ruas.
"A polícia está aparecendo mais, indo mais atrás dos traficantes, está sendo mais exposta", disse.
Beltrame lembrou que maioria dos policiais foi morta em horário de folga, em ações classificadas como "emboscadas covardes e sórdidas" pelo secretário.
"Aqui no Rio se (o traficante) identificar o cara como policial ele vai ser executado."
Apesar das mortes em série, o secretário disse que a estratégia da polícia não vai ser alterada.
"Não vamos agir na emoção, não vamos nos desviar dos nossos objetivos porque acreditamos que a violência é uma defesa do tráfico por pontos de drogas", afirmou a jornalistas.
Segundo ele, serão feitas ações "cirúrgicas e de inteligência para extirpar essas pessoas das comunidades", disse, referindo-se a facções de traficantes que controlam os morros.
Para investigar as mortes dos policiais, a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro instalou, na quinta-feira, uma CPI, que foi reivindicada pela "bancada da bala" na casa.
O presidente da comissão é o deputado estadual e coronel da Polícia Militar Jairo Souza (PSC), e o relator, o deputado e major reformado da PM Paulo Ramos (PDT).
Segundo o coronel, a maioria dos 32 policiais assassinados desde o início do ano foi executada.
A CPI tem um prazo de 90 dias para concluir as investigações e pretende convocar autoridades de segurança do Rio para prestar depoimento.
O Clube dos Soldados da PM do Rio decidiu oferecer uma recompensa de 2.000 reais, a maior da sua história, para quem der informações sobre os assassinos de policias, segundo o presidente da entidade, tenente Jorge Lobão.
Foram espalhados cartazes em ao menos 41 ônibus que circulam no Rio com anúncios oferecendo a recompensa.
Nesta sexta, uma manifestação na frente da Assembléia Legislativa lembrou vítimas da violência. Convocado pelo vocalista da banda Detonautas, Tico Santa Cruz, o ato foi chamado de "Contagem de Corpos".
"Vamos nos deitar nas escadarias e cobrir os corpos com sacos plásticos pretos, para mostrar nossa indignação com o descaso de nossos representantes com as questões sérias que envolvem tanto o nível absurdo de violência quanto sua prevenção."