Uma chuva imprevista que caiu sobre o Rio de Janeiro no fim da manhã diminuiu um pouco o ânimo de quem tinha planejado passar o último dia do ano em Copacabana e aproveitar para ver o espetáculo de fogos de artifício à meia-noite. Os vendedores de flores já estavam no local desde ontem, mas a praia ficou quase vazia até o meio desta tarde.
O movimento do Metrô está menor do que nos anos anteriores. Dos 226 mil tíquetes de metrô oferecidos, 180 mil foram vendidos até o início da tarde de ontem e, dos que tinham hora marcada (só de ida para Copacabana), já tinham se esgotado todos a partir de 20h.
Os restaurantes ficaram cheios, mas não lotados como nos anos anteriores, segundo informou a rede Aipo e Aipim, com cinco casas espalhadas pelo bairro.
"A chuva espantou quem vinha passar o dia na praia, mas não quem vem ver os fogos de artifício e os shows", comentou o diretor de operações da Riotur, Bruno Mattos. A empresa de turismo da prefeitura espera 2 milhões de pessoas em Copacabana (onde os fogos devem durar entre 16 e 20 minutos), 500 mil em Ipanema (onde se apresentam Sérgio Mendes, Black Eyed Peas e Infected Mushroom, entre outras atrações) e 1,6 milhão espalhadas pelos outros palcos montados na Barra da Tijuca, Ilha do Governador, Penha, Pedra de Guaratiba, Flamengo e Sepetiba.
As oito balsas com fogos de artifício começaram a chegar a Copacabana durante a manhã. Segundo Mattos, da Riotur, elas ficam a 400 metros da areia e são todas fabricadas com material impermeável, o que evita acidentes como em 2001, quando a chuva prejudicou o estouro das bombas colocadas na areia, e um homem foi atingido por um estilhaço de fogos de artifício e morreu. "Este acidente não ocorrerá mais", prometeu Mattos.
Há 15 postos de atendimento médico espalhados por Copacabana e a segurança do evento é feita por 2 mil soldados da PM e 700 da Guarda Municipal.
OferendasAs donas de casa Maria José do Nascimento e Ana Rosa enfrentaram ônibus e chuva para ir de Vila Isabel, na zona norte, à praia do Leme, para fazer oferendas a Iemanjá. Elas levaram uma imagem da orixá, sidra, rosas e perfumes para ofertar. Pediram paz, saúde, emprego e união. "É o que mais precisamos neste momento", comentou Maria José, que tem quatro filhos e dois netos. "Vim pedir também um amor", completou Ana Rosa, descasada e com dois filhos.
A mãe-de-santo e modelo da terceira idade Yola Nogueira paramentou-se com rendas brancas e preparou homenagens para diversas entidades. Havia pipoca para Omulu (que vai governar 2007, junto com Exu, informou ela) e três velas para Ogum. A mesa de Iansã foi adiada. "Apesar de ser a rainha dos raios, ela não gosta de chuva", explicou Yola. A mãe-de-santo mora com o filho, Alex, em Copacabana mesmo e, há mais de 20 anos, faz suas obrigações religiosas na manhã de 31 de dezembro. "É melhor que à noite, quando tem gente demais", disse.