Conversas por telefone e rádios Nextel gravadas pela Polícia Federal durante a Operação Têmis, divulgada em abril, revelam não só a existência de uma rede mantida pela máfia dos bingos para subornar policiais civis, como também mostram a forma como os empresários mantinham a fiscalização longe de seus bingos - pagando propina. Num dos diálogos, um advogado diz que prometeu pagar ?uma mensalidade? de R$ 5 mil para o subprefeito do Butantã (zona oeste de São Paulo), Maurício de Oliveira Pinterich, para ?segurar os fiscais?.
As gravações, feitas em fevereiro e março, flagram diálogos entre os advogados Luiz Roberto Pardo e Paulo Roberto Annoni Bonadies. ?Eu tenho uma casa lá, o Bingo Morato. As pessoas estão pressionando. Ele queria uma força antes que dê zebra... Ele está disposto a uma mensalidade. O tempo que ficar lá aberto ele paga 10 por mês?, diz Pardo. Dez, segundo a própria polícia, seriam R$ 10 mil. ?O cara manda 10, você fica com 5 e repassa 5.? Bonadies responde rápido: ?O meu amigo é o sub. Se eu conheço bem ele, e acho que conheço, é bem guloso, entendeu??
Quase dez horas depois, no mesmo dia, Bonadies telefona de volta. ?Preciso do nome da casa, do endereço, consegui falar com o Maurício só agora. Ele disse que não vai poder me atender esta semana. Aí eu pedi para ele segurar os fiscais. Ele pediu por e-mail os dados para segurar, pra semana que vem sentar com ele.?
Maurício Pinterich, de 48 anos, é empresário e subprefeito do Butantã desde fevereiro de 2006. Já foi prefeito de Piraju, interior de São Paulo, por dois mandatos consecutivos (de 1997 a 2004). O que mais chamou a atenção dos federais é que, um mês depois do suposto acerto, Bonadies ligou para Pardo dizendo que o ?amigo lá do Butantã? estava cobrando o seu quinhão. O Bingo Morato só foi fechado pela Prefeitura em 23 de abril - três dias depois que a Têmis foi deflagrada. Os donos do bingo não foram localizados para comentar o caso. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.