O órgão acatou o pedido feito pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) | Foto: Reprodução | ANJ
O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) pediu nesta quarta-feira, 27, a suspensão de duas peças da campanha publicitária "A Gente Banca", do banco Santander. O órgão acatou o pedido feito pela Associação Nacional de Jornais (ANJ).
De acordo com a solicitação, os filmes divulgados em TV e nas redes sociais depreciavam jornais e bancas, contrariando preceitos do código de conduta que rege o organismo, integrado por anunciantes, agências de publicidade e veículos de comunicação.
Após análise dos anúncios da campanha, a conselheira relatora Adriana Pinheiro Machado afirmou que as peças apresentam situações factuais 'cuja veracidade teriam de ser comprovadas'.
"É inegável constatar que, pelo menos, em duas peças – o filme intitulado A gente banca-manicure e o de nome A gente banca-assistência técnica – há a necessidade de se demonstrar a veracidade das informações apresentadas como fatos", determinou Adriana à 6ª vara do CONAR.
Nos anúncios suspendidos, são destacados que "nos últimos anos, mais gente comprava jornal para catar sujeira de bicho de estimação do que para ler" e "ninguém mais compra jornal em banca, todo mundo lê notícia pelo celular". Para Adriana, as peças possuem potencial pejorativo e ampla divulgação em um período de aumento da audiência dos meios de comunicação
“Era uma desinformação evidente, uma campanha depreciativa aos jornais, tanto na estética como no roteiro. Não entendemos a razão desse ataque ao defender o banco [...] Em São Paulo, 75% do espaço da banca precisa ser destinado à venda de conteúdo editorial", afirmou o presidente da ANJ, Marcelo Rech.
O intuito dos anúncios, criados pela Suno Comunicação Integrada Ltda, era apresentar uma recente linha de microcrédito do Santander dedicada a bancas de jornais. O programa incentiva a incorporação de novos negócios ao estabelecimento, como serviços de manicure e de chaveiro.
Em resposta à Folha de São Paulo, o Santander informou que retirou os trechos das propagandas do ar logo após começarem a surgir críticas, antes da determinação do CONAR. Por meio de nota, a empresa afirmou que a ideia do projeto era oferecer aos donos de bancas de jornais "assessoramento, capacitação e apoio financeiro para fortalecer a sua atividade principal, nas cidades onde a legislação local permite a sua aplicação".
Inicialmente, a ANJ pediu junto ao conselho a suspensão de toda a campanha, comporta por cinco peças. O futuro dos outros três materiais será decidido nos próximos 20 dias.