Em meio aos valores das obras de arte declarados ao Fisco e os de mercado, observou-se diferenças de 167% a 529%
Um dos endereços alvo da Operação Vernissage, deflagrada nesta terça-feira, 12, é ligado a Márcio Lobão, filho do senador e ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (MDB-MA). A ação, que representa a 79ª fase da Operação Lava Jato, é realizada conjuntamente entre Polícia Federal, Ministério Público Federal (MPF) e Receita Federal.
Márcio já tinha sido preso em setembro de 2019 na 65ª fase da Lava Jato, sob a acusação de receber propina durante obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e ainda por contratos em estatais como a Transpetro. Ele é apontado como suspeito de ser responsável por fazer ajustes no pagamento e colher propinas que seriam atribuídas ao pai.
De acordo com as investigações, após o recebimento dos valores, diversas vezes pagos em espécie, eram feitas ainda inúmeras operações de lavagem de capitais para esconder e dissimular a origem ilícita, especialmente por meio da aquisição de obras de arte e transações imobiliárias.
As operações, no que diz respeito às obras de arte, consistiam na aquisição de peças de valor significativo com a realização de pagamento de valores por fora, de modo que não fossem registrados os valores reais das obras negociadas. Tanto o comprador, no caso, quanto o vendedor emitiam notas fiscais e recibos, porém declaravam à Receita Federal valores muito menores do que efetivamente eram praticados nas transações.
Em meio aos valores declarados ao Fisco e os de mercado, postos em prática nos leilões em galeria de arte, observou-se diferenças de 167% a 529%. Em operação anterior, na casa do investigado, foram achadas obras de arte que mostravam variações expressivas entre o preço de aquisição declarado e o valor de mercado, em patamares de até 1.300%.
A imagem de um helicóptero guardado na garagem de um dos alvos, em São Luís (MA) foi divulgada pela Policia Federal.