Políticos e partidos, de diferentes matizes, atribuíram ao governo Bolsonaro o agravamento da situação no estado do Amazonas
O sistema de saúde de Manaus vive uma crise sem precedentes com o avanço dos casos de Covid-19. As internações na capital do estado do Amazonas, nos últimos dias, bateram recordes e unidades de saúde ficaram sem oxigênio. Como alternativa, pacientes estão sendo transferidos para outros estados.
Nesta sexta-feira, 15, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) negou que a responsabilidade do colapso no sistema de saúde de Manaus seja responsabilidade do governo federal, com a alegação de que “fez sua parte”.
“A gente está sempre fazendo o que tem que fazer, né? Problema em Manaus. Terrível o problema lá, agora nós fizemos a nossa parte, com recursos, meios”, disse.
Para o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o agravamento dos casos de Covid-19 no Amazonas está relacionado “ao ciclo sazonal e ao período chuvoso”. Pazuello elencou, como possíveis fatores também, o fato de, segundo ele, Manaus não ter tido uma “efetiva ação” no tratamento precoce e que a infraestrutura hospitalar de atendimento especializado é bastante reduzida no município.
“Se juntar esses 2 fatores e colocar o clima, você vai ter uma grande procura por estrutura e por tratamento especializado. Nesse modelo, têm duas grandes faltas: recursos humanos e oxigênio”, afirmou Pazuello.
O ministro confirmou que há um “colapso” na região. “Considero que, sim, há um colapso hoje no atendimento da saúde em Manaus. A fila para leito cresce bastante, hoje estamos com 480 pessoas na fila, e há diminuição da oferta do oxigênio”, destacou.
Cobranças
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), se disse preocupado com a “crítica situação do estado do amazonas, em especial Manaus”, e que contatou o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, para “agilizar medidas urgentes de socorro à população”.
Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, afirmou, em sua conta no Twitter, que faltaram ações do governo federal para evitar o “caos” na saúde do estado do Amazonas. Sem citar Bolsonaro, Maia disse que a crise é fruto de uma “agenda negacionista”.
“A falta de oxigênio em Manaus, o atraso na vacina, a falta de coordenação com estados e municípios, é resultado da agenda negacionista que muitas lideranças promovem.”, escreveu.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), pediu, nesta sexta, uma resposta do Congresso Nacional e da sociedade civil contra o presidente Bolsonaro na condução da pandemia de Covid-19.
De acordo com Doria, houve um “genocídio”, ao se referir à morte de mais de 205 mil brasileiros vítimas da doença.
O tucano disse ainda que a crise da falta de oxigênio em Manaus é de responsabilidade da "opção pelo negacionismo" e da "política caótica" do governo federal em relação à pandemia.
"Li uma manifestação do presidente Jair Bolsonaro dizendo 'fiz tudo o que estava ao meu alcance, o problema agora é do estado do Amazonas e da Prefeitura de Manaus'. Inacreditável. Inacreditável. Em outro país isso talvez fosse classificado como genocídio. É um abandono aos brasileiros", disse, em alusão à declaração de Bolsonaro na manhã desta sexta.
"O negacionismo dominando o país no governo federal. Um mar de fracasso, colocando como vítimas milhares de brasileiros que perderam a sua vida e outros milhares que podem perder. Está na hora de termos uma reação a isso. Da sociedade civil, dos brasileiros, da população do Brasil, da imprensa, do Congresso Nacional de quem puder ajudar. Ou vamos assistir a isso? Ou vamos assistir a isso por meses e achar que é isso normal, que faz parte e que a ideologia do negacionismo é aceitável?", completou.
Na manhã desta sexta, PT e PCdoB protocolaram no STF pedido dirigido ao ministro Lewandowski para que determine uma série de medidas para enfrentamento da crise da covid-19 no Amazonas.
As legendas argumentam que o quadro da pandemia na cidade "representa um verdadeiro estado de coisas inconstitucional, onde o Poder Público, sobretudo o Governo Federal, não cumpre o seu dever de efetivar os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos amazonenses e manauaras, falhando na garantia ao direito básico à vida, bem como à saúde e, ao fim, à própria dignidade da pessoa humana"
Medidas
O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC) anunciou uma série de medidas como resposta ao novo surto do novo coronavírus no estado. Dentre elas, a proibição da circulação de pessoas em Manaus entre 19h e 6h. Todas as atividades, exceto serviços essenciais para a vida, também estarão proibidos de abrir.