Big Jato, dirigido por Assis e com Nachtergaele, é um dos mais esperados pelo público e crítica
Há exatos 50 anos nascia a Semana do Cinema Brasileiro, por iniciativa do mítico crítico e jornalista Paulo Emílio Sales Gomes. Depois transformado no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o evento chega agora à sua 48ª edição - foi censurado em algumas ocasiões pelo governo militar.
O mais celebrado e antigo festival de cinema com foco na produção nacional começa nesta terça-feira, 15, e segue até o próximo dia 22, quando serão anunciados os vencedores do Troféu Candango.
O diretor baiano Cláudio Marques, após receber, em 2013, em Brasília, os prêmios de roteiro, trilha sonora e ator (para Pedro Maia) por seu filme Depois da Chuva, codirigido por Marília Hughes, volta ao festival como membro do júri de longas-metragens.
"O festival já apresentou filmes de Joaquim Pedro de Andrade, Carlos Reichenbach, Rogério Sganzerla e de tantos outros cineastas que criaram condições para o desenvolvimento da nossa cinematografia", comentou Marques sobre a importância do evento para o cenário cultural brasileiro.
Este ano, o festival conta com uma competição mais enxuta: são seis longas e 12 curtas-metragens. Uma das presenças mais aguardadas é a de Cláudio Assis e seu novo trabalho, Big Jato. Ele e o também cineasta Lírio Ferreira recentemente atrapalharam e causaram polêmica num debate do filme Que Horas Ela Volta?, de Ana Muylaert, no Recife.
De qualquer forma, Big Jato é um dos filmes mais esperados do público e da crítica, parte da efervescência atual que vive o cinema pernambucano. Baseado no livro homônimo do jornalista Xico Sá, o filme é protagonizado por Matheus Nachtergaele. Cláudio Assis já venceu o festival duas vezes em edições anteriores, por Baixio das Bestas (2006) e Amarelo Manga (2002).
O cineasta Aly Muritiba, nascido na Bahia, mas radicado no Paraná, também está na disputa com o longa Para Minha Amada Morta, espécie de thriller com uma pegada também intimista. Além disso, Muritiba concorre com o curta-metragem Tarântula, codirigido por Marja Calafange, exibido recentemente no Festival de Veneza.
"Brasília é um lugar onde todos os realizadores brasileiros querem estar com seus filmes. Participar este ano com dois em competição deve atrair atenção especial para ambos, que é o que realmente importa", salientou Muritiba.
Completam a competição de longas A Família Dionti, de Alan Minas; Fome, de Cristiano Burlan; Prova de Coragem, de Roberto Gervitz; e o representante brasiliense Santoro - O Homem e Sua Música, dirigido por John Howard Szerman.
Coproduções brasileiras
A mostra competitiva apresenta uma seleção diversificada de filmes. As obras representam regiões diferentes do Brasil, com exceção do Norte do país. Foram 130 longas-metragens inscritos este ano, um recorde para o evento, o que demonstra a força da produção nacional.
Além disso, o festival acolhe outras mostras, como a Continente Compartilhado, em que apresenta filmes nacionais coproduzidos por outros países. Entre as obras, destacam-se Jauja, de Lisandro Alonso (coprodução entre Brasil, Argentina e outros países); Ausência, do brasileiro Chico Teixeira (em coprodução com o Chile); e Bollywood Dream - O Sonho Bollywoodiano, de Beatriz Seigner (parceria do Brasil com a Índia).
Documentário
Mais conhecido como um dos maiores fotógrafos de cinema do Brasil, Walter Carvalho também vem consolidando sua carreira como cineasta. Seu mais novo trabalho, Um Filme de Cinema, fará a abertura do festival à noite no Cine Brasília, onde acontece a maior parte das exibições do evento.
Trata-se de um documentário que busca fazer uma reflexão sobre a arte cinematográfica, ouvindo nomes de peso como o cineasta polonês Andrzej Wadja e os brasileiros Júlio Bressane e Ruy Guerra.