Davidson Magalhães, presidente do PCdoB-Bahia | Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE | 17.12.2019
O Governo Bolsonaro é um governo de desconstrução do país: educação, políticas sociais, economia destroçada, desemprego, desindustrialização. O presidente boicotou o combate ao COVID-19. Já estamos próximos de 4 mil mortes diárias.
O Brasil se tornou o epicentro da pandemia. Se não fosse a ação decisiva dos governadores e prefeitos, e a chegada da vacina chinesa (Coronavac) e a atuação do Butantan, estaríamos num caos maior.
Despreparado, o presidente demonstra sinais claros de psicopatia e se isola politicamente. Mesmo os seus aliados eleitos na Câmara e Senado já perceberam a barca furada. 500 representantes da elite financeira e econômica do país assinaram carta em defesa da democracia.
As pesquisas revelam o desgaste do presidente. Os comandantes das Forças Armadas se negam a apoiar aventuras golpistas. Só lhe resta o apoio belicoso dos milicianos, de alguns mercadores da fé, e de segmentos ainda envolvidos na midiosfera bolsonarista.
As mudanças atuais no ministério são para alinhar o aparelho de estado aos objetivos do bolsofacismo. O afastamento de generais legalistas de postos de comando e nos ministérios são passos para colocar as Forças Armadas a serviço do autoritarismo.
A indicação do delegado da PF, Anderson Torres, para o Ministério da Justiça, objetiva rearticular a base policial, que ameaça sair do barco governista. Este segmento tem sido incentivado a motins e levantes contra os governadores.
O desespero e o isolamento político aceleram as atitudes de Bolsonaro na perspectiva de rompimento do estado democrático de direito. Na Câmara Federal, o deputado bolsonarista de carteirinha, Victor Hugo, quer acelerar a aprovação de um PL que prevê o uso do instituto de Mobilização Nacional no enfrentamento da pandemia. Isto é inconstitucional, pois este mecanismo só é previsto pela Constituição em casos de guerra.
Este PL dá poder ao presidente de requisitar a ocupação de bens e serviços, intervir nos processos produtivos, inclusive nas policias militares dos estados, e convocar civis e militares. Ou seja, Bolsonaro quer mandar em tudo e em todos.
A democracia corre sérios riscos. Os golpistas estão dando indicações e passos concretos nesta direção. Mobilizemos os amplos setores políticos e sociais. Não subestimemos.
Depois de 36 anos do fim de regime militar, foi eleito um presidente neofacista que defende a tortura, é misógino, devastador do meio ambiente, negacionista, e principal responsável pela morte de mais de 300 mil brasileiros.
Está passando da hora de as oposições, instituições, organizações democráticas e o povo darem o seu brado de alerta. Basta de Bolsonaro! Ditadura nunca mais.
*Davidson Magalhães é presidente do PCdoB-Bahia