"Você quer matar a gente", brincou Lázaro emocionado
O relato da professora e aposentada, Diva Guimarães, 77 anos, emocionou o ator Lázaro Ramos e boa parte do público na 15ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). O fato aconteceu na sexta, 28, mas movimentou as redes sociais durante todo fim de semana.
Durante a mesa "A Pele que Habito", que reuniu Lázaro e a jornalista Joana Gorjão Henriques, a professora, que é neta de escravos e filha de uma lavadeira, pediu o microfone para fazer uma pergunta e acabou dando um depoimento sobre a discriminação.
"Quando eu era criança, as freiras me contaram uma história de como Deus abençoou um rio e mandou todos os homens tomarem banho nele. Os mais trabalhadores e inteligentes chegaram primeiro, mergulharam no rio e saíram brancos. Já os mais preguiçosos chegaram tarde e só haviam um restinho de água. Por isso continuaram negros, só com a palma das mãos e a planta dos pés brancos", lembrou a mulher para complementar em seguida: "Os negros não são preguiçosos, este país vive hoje porque meus antepassados trabalharam muito", finalizou Diva, que arrancou lágrimas e aplausos de todos que estavam presentes no evento.
Ela ainda continuou seu desabafo: "sou uma sobrevivente pela luta e pela educação". Diva contou que a mãe lavava roupa em troca de material escolar para ela estudar. Foi assim que ela conseguiu se formar como professora, trabalhando por 40 anos alfabetizando crianças e adultos.
"As pessoas falam bem de Curitiba, dizem que é uma cidade europeia, vai ver como é para os negros que moram na periferia", disse a senhora que mora na capital paranaense.
Emocionado, Lázaro brincou: "A senhora quer matar a gente". "Meu coração está pequenininho. A senhora falou uma coisa muito importante, precisamento investir em educação pública".