Músico lança livro de poesias e é tema de longa em cartaz em Salvador
O homem, o ativista e o artista. São essas as facetas do músico carioca Marcelo Yuka que a diretora Daniela Broitman apresenta no documentário Marcelo Yuka no Caminho das Setas. A partir de segunda, 17, o longa-metragem entra na terceira semana em cartaz na Saladearte - Cine XIV. As filmagens começaram em 2004, mas somente em 2006 Broitman formalizou o projeto e passou a trabalhar com um foco.
"A partir de 2006 eu tinha um pré-roteiro, em que buscava retratar três facetas. Primeiro o lado homem, com seus medos, questionamentos, fragilidades, pensamentos, relação com a família, com as mulheres, com o amor. Depois o lado ativista, da militância política, social e cultural. E, a última, o lado artista, músico, compositor, poeta", conta Broitman.
Sensacionalismo - A história de Marcelo Yuka poderia render muitas lágrimas. Há 12 anos, o ex-baterista da banda O Rappa foi baleado durante um assalto no Rio de Janeiro. Como consequência ficou paraplégico e afastou-se da banda. A possibilidade de ver sua vida transformada em um grande drama deixou-o receoso.
"Ele tinha medo que eu fizesse um filme sensacionalista, que explorasse a dor dele e o colocasse de coitado", conta a diretora. "Fiz todo o meu possível para não fazer um filme desse tipo. Até porque não é o tipo de coisa que gostaria de fazer, porque não era o tipo de filme que queria vê" destaca.
Sobre os cuidados que tomou para não cair no sensacionalismo, Broitman afirma que teve um grande cuidado na escolha das imagens. "A montadora era muito boa e a gente trabalhou muitas horas debruçadas no material", garante.
Poesias - Junto com o documentário sobre sua vida, Marcelo Yuka lança o livro de poesia Astronautas Daqui. A obra é dividida em quatro partes. A primeira, Poesia Anticompleta, é uma reunião de frases soltas. É assim que o autor chama as suas frases perdias em cadernos que esperam complemento.
A segunda parte é Canções Para Depois do Ódio. Nela estão reunidos os poemas escritos por Yuka especificamente para o livro, entre 2010 e 2012. Eles refletem, entre outros temas, sobre Deus, o corpo, as artes e a forma como as relações interpessoais acontecem.
Ócio, a terceira parte do livro, traz as letras das canções uma banda de rock imaginária. Letras que demonstram uma agressividade na relação e na visão do autor com a sociedade. Na quarta parte, Queima de Arquivo, reúne algumas das letras de canções escritas por Yuka e que foram gravadas pelo O Rappa, F.UR.T.O., e outros artistas.