BNegão apresenta no dia 22 o show do elogiado disco Sintoniza Lá
A folia passou, mas a música continua. E pode manter os pés no chão mesmo, porque o negócio é sério: na próxima sexta-feira, 15, voltam a Salvador os shows da iniciativa Intercenas Musicais, que colocará os cantores Lucas Santtana, BNegão e Davi Moraes no palco de uma nova casa, Commons. Criado em 2011, o Intercenas surgiu para promover a circulação de artistas baianos dentro e fora da Bahia, iniciativa viabilizada pelo Conexão Vivo. Desta feita, os shows por aqui serão na Commons (ex-Farol), na esquina da Rua Fonte do Boi (Rio Vermelho).
A nova casa, que, após requalificação, será inaugurada na próxima sexta-feira com show da celebrada banda local Scambo, será o QG da Maquinário, produtora pilotada pelo músico e produtor cultural baiano Vince de Mira. E em tempos pós-tragédia de Santa Maria, é bom garantir de início: "Vamos abrir a casa com tudo direitinho", avisa Vince.
"Contratamos consultoria de segurança e seguimos todas as recomendações: abrimos uma porta nos fundos adequada para evacuação de emergência, os extintores são novos e a sinalização está nos conformes: banheiro é banheiro, saída é saída", garante o empresário.
Para Vince, a precaução "é relevante tanto para o público, quanto para as bandas, que podem tocar sem susto. A segurança da casa será monitorada por rádio e teremos dois brigadistas anti-incêndio a postos a cada evento", acrescenta. Tudo isto aumentou bastante o custo para abrir a casa. "Contratar uma consultoria é caro. Por isso acho que deveria existir dispositivos de fomento. Fora que os órgãos públicos levam uma vida para fazerem a vistoria do local. Não podemos viver em função de precaução contra incêndio", observa.
Multiatividades - Resolvidas as questões burocráticas, Vince avisa ainda que Commons não será apenas uma casa de shows, mas uma "plataforma". "Queremos dar um up de qualidade na programação, com produtos culturais definidos a partir de uma política de casting. Não vamos atirar para todo lado", diz. Desta forma, além de shows, a casa deverá abrigar ainda instalações artísticas e pequenas produções teatrais, como monólogos e números de comédia stand-up, além de oferecer pequenos cursos de qualificação. "A ideia é gerar conteúdos em cursos viáveis neste primeiro momento, como cursos de roteiro e fotografia", conta.
Outro diferencial é que Vince está fechando parcerias com alguns artistas locais e nacionais para uma espécie de semirresidência, com shows bimestrais: "Já fechamos com Curumin. É um trabalho de formação de plateia. Queremos que a Commons seja um portal para que caras como Curumin e Lucas, por exemplo, subam para o Nordeste ou vão ao interior", revela. "Teremos também uma lojinha permanente para promoção desses artistas, com venda de CDs, camisa, etc", conclui.
Lucas, Intercenas, interior - Responsável por abrir a temporada 2013 do Intercenas Musicais, Lucas Santtana, que é baiano, mas mora no Rio de Janeiro, conta que o show desta sexta-feira será mais ou menos o mesmo que ele fez em agosto, no lançamento do seu último CD, Deus Que Devasta Mas Também Cura.
"Só que será com uma formação nova na banda, que passa a contar com Ted Santana na bateria e Marcelo Galter no baixo, além de Juninho Costa (aka Junix 11) na guitarra", conta. "O repertório é mais concentrado nos dois ultimos discos (Deus e Sem Nostalgia, 2009), mais alguma coisa do 3 Sessions in a Greenhouse (2006) e do Eletro Ben Dodô (2000)", diz.
Parceiro habitual do Intercenas, Lucas fez em 2012, através do projeto, shows em Juazeiro, Itacaré, Ilhéus e Vitória da Conquista. Depois de Salvador, segue para São Paulo e Florianópolis (em turnê da qual também participa a Cascadura). Depois, fora do Intercenas, segue para Brasília e Rio de Janeiro. A experiência de rodar, especialmente pelo interior, claro, é das mais gratificantes.
"O Intercenas é ótimo porque ajuda a dar vazão a essa cena musical do Brasil que é forte e tem um público crescente. É uma circulação importante para transformar essa relação que ficava restrita à internet em uma relação cara a cara, nos shows", observa Lucas.
Outro detalhe que Lucas tem notado na estrada é que hoje, graças à internet, o público das cidades do interior ficou mais antenado do que o das capitais: "Tive essa noção bem clara em Juazeiro, conversando com as pessoas sobre o que elas estavam ouvindo, e fiquei espantado. Antigamente você ia ao interior e era tudo defasado. Hoje eles são mais antenados do que você", diverte-se.