O disco "Esmeraldas" reflete uma fase mais madura da cantora paulista
Esmeraldas, Minas Gerais. Localizada a 38 km da capital mineira, Belo Horizonte, a cidadezinha de pouco mais de sessenta mil habitantes foi refúgio da cantora paulista Tiê, que batiza seu terceiro álbum em homenagem ao município.
Diferente dos trabalhos anteriores da cantora - "Sweet Jardim" (2009) e "A Coruja e O Coração" (2011) -, "Esmeraldas" mostra uma fase mais madura de Tiê. Aos 34 anos, casada, com duas filhas pequenas e uma produtora musical funcionando no quintal de casa, a produção artística da cantora acompanhou sua evolução pessoal e mudou, se tornando mais madura.
O disco, no entanto, é fruto de um bloqueio criativo. Em meio às tarefas domésticas e profissionais que não paravam de crescer, e à pressão da gravadora por um disco novo autoral, Tiê teve sua produção interrompida por um bloqueio criativo.
Para desanuviar a cabeça, ela embarcou para o interior de Minas Gerais durante as férias de Natal de 2013. Deu certo. No clima bucólico da roça de sua família mineira em Esmeraldas, a pouco mais de uma hora da capital Belo Horizonte, o álbum começou a tomar forma na cabeça da artista e desencadeou uma produção intensa. "Praticamente em 10 dias o disco surgiu", explica a cantora.
Processo de criação
Agora, depois de um período de gravação em Nova York ao lado de parceiros como André Whoong e David Byrne, "Esmeraldas" chega ao público com a presença de múltiplos instrumentos, cordas, vocais dobrados, pop e rock que refletem a maturidade artística de Tiê.
Muitas das faixas que integram "Esmeraldas" já estavam na mente da artista mesmo antes de o trabalho tomar forma, como é o caso da música que dá título ao disco. Passado o período do bloqueio criativo, quando Tiê passou a produzir mais, "as músicas foram se adequando, se encaixando e fazendo sentido depois de um tempo", explica.
O romantismo já característico da artista e sua tendência a falar dos sentimentos de maneira simples e direta, verificado em seus dois discos anteriores, também estão presentes em "Esmeraldas", em faixas como "Isqueiro Azul" e "Depois de Um Sonho". A diferença é que agora Tiê também fala da roupa suja.
É na faixa "Máquina de Lavar" que a cantora dá vasão às atribulações domésticas que a cercam, brincando com a roupa suja que gira no aparelho e usando o símbolo de seu bloqueio criativo ao seu favor. Assim, seu momento como mãe e esposa altera a maneira de ver o mundo e isso se reflete nas letras.
Enquanto o primeiro álbum, "Sweet Jardim", representava uma fase mais experimental e explosiva de Tiê, seu segundo trabalho, "A Coruja e O Coração", já trazia mais preparo, sendo mais pop e comercial. Com Esmeraldas, sua produção musical atinge um estado de plenitude, apresentando um trabalho que mistura pop, rock e a leveza marcante da artista, que mais uma vez leva sua sinceridade e sensibilidade através da música.