Carlinhos Brown recebe Luiz Caldas, Sarajane, Gerônimo, Armandinho e Baby do Brasil no primeiro ensa
Para Carlinhos Brown, a axé music é, mais do que nunca, contemporânea. Por conta disso, e do seu papel para a difusão do estilo musical, domingo, a primeira edição desta temporada do Sarau du Brown, celebra os 30 anos do axé com convidados que viram o ritmo nascer: Luiz Caldas, Sarajane e Gerônimo.
A guitarra baiana de Armandinho Macedo e a voz de Baby do Brasil também vão se somar ao espetáculo, que acontece a partir das 18 horas, no Museu du Ritmo, no Comércio. "Baby é um cross over dos Novos Baianos e dos Doces Bárbaros. O pré axé está na mão dessa mulher", define.
Entusiasta do axé e de suas reverberações, Brown prefere mesmo é espantar a onda negativa que vem girando em torno do ritmo nos últimos anos com uma profusão de ideias e projetos.
"A gente não pode confundir as crises pessoais de quem está no axé com o axé. Nós temos que celebrar o êxito que nós somos, o êxito de um movimento de comunicação e desenvolvimento humano", diz o percussionista.
O cantor Luiz Caldas é outro otimista: "O axé music está um garotão de 30 anos, legal, bonito, saudável e com muitos frutos pra dar".
Já Geronimo diz que não sabe o que deve esperar do ritmo e chama a atenção para sua origem, na qual tanto ele, quanto Brown, apostam. "É nada mais nada menos do que fusões dos ritmos afrodescendentes, de músicas que vieram das religiões de matriz africanas".
Memórias
No início dos anos 1980, foi na gravadora W.R., onde trabalhava sob a liderança de Wesley Rangel, que Brown conheceu ícones do que chama de pré axé, como Jorge Portugal, Roberto Mendes, Walter Queiroz, Fábio Paes e Vevé Calazans.
"Tudo estava fervendo para acontecer. Me lembro que essa força existia porque nós queríamos estudar, ninguém sabia no que isso ia dar", conta Carlinhos, que à época tocava com Lui Muritiba e na banda de salsa Camaleon, posteriormente batizada de Rumbaiana.
"Eu era menino. Mas eles sabiam o que eu provocava neles, a bagunça que o erê fazia. Todo mundo era criança e estava ali porque eu gostava de experimentar", completa o percussionista, que também integrou a Banda Acordes Verdes, de Luiz Caldas.
A cada novo ensaio, gravação e show faltava pouco para que as batidas dos blocos afros fossem incorporadas à sonoridade que se fazia na Bahia e o axé music surgisse. A memória randômica de Brown lembra que Fricote, composição de Luiz Caldas e Paulinho Camafeu, principal hit do movimento, surgiu no batuque no ônibus enquanto a banda ia para a micareta de Simões Filho.
"Mas ela nasceu num ritmo normal, muito ijexá, não tinha a mesma força. Só depois, quanto fomos fazer a micareta de Feira de Santana, em frente à Igreja de Nossa Senhora dos Passos, que mudamos tudo e surgiu a novidade. Quando a gente tocou em cima do trio, as pessoas começaram a dançar, a pular, como se já conhecessem a música".